Uma das linhas de força da literatura produzida em nosso subcontinente durante as últimas décadas (1990-2025) se caracteriza pelo contato, entrecruzamento e/ou diálogo com outros discursos sociais (história, antropologia, geografia, jornalismo, teorias de gênero), traço que habilita a revisão criativa e crítica de arquivos e bibliotecas. Por meio dessas operações, escritoras e escritores evidenciam afiliações, configuram linhagens e convocam comunidades – cientes de seu caráter transitório e aberto –, ao mesmo tempo que redefinem as características e os contornos do literário, reformulando problemas de sentido e de valor. No âmbito hispano-americano, produções heterogêneas como as de Cristina Rivera Garza, Sara Uribe, Valeria Luiselli (México), Alejandro Zambra, Lina Meruane, Nona Fernández (Chile), Tamara Kamenszain, Sergio Chejfec, María Sonia Cristoff, Gabriela Cabezón Cámara, Martín Kohan (Argentina), Marta Aponte (Porto Rico) ou Rodrigo Rey Rosa (Guatemala), entre outras, são expressões de releitura/reescrita de arquivos pessoais ou familiares, textuais e/ou imagéticos, da escavação e interpretação de material documental, da desmontagem crítica de arquivos e bibliotecas estabelecidas e seu reordenamento em novas constelações. No Brasil, escritas diversas como as de Bernardo Carvalho, Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves, Michel Laub ou Micheliny Verunschk também podem ser pensadas dessa perspectiva. O número 70 dos Cadernos do Instituto de Letras, dedicado aos Estudos Literários, espera receber contribuições que explorem essas questões.
Organizadoras: Miriam V. Gárate (Departamento de Teoria Literária, Unicamp) e Ana Cecília Olmos (Departamento de Letras Modernas, USP)
Prazo para submissões: de 1º de agosto de 2025 até 31 de outubro de 2025.
Para mais informações, acesse: https://seer.ufrgs.br/index.php/cadernosdoil/announcement/view/2025