Mostrando postagens com marcador Revista Desassossego. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Revista Desassossego. Mostrar todas as postagens

Revista Desassossego - Chamada para o dossier temático "O tempo da literatura portuguesa: rumos e desafios na contemporaneidade

Frederico Lima


Ao longo do tempo, e com especial recorrência na contemporaneidade, são muitos os vaticínios e as diversas litanias e epitáfios que se vão somando sobre o fim das Humanidades e da morte da Literatura. Convertido em locus tritus (Mosca, 2013, p. 185), vários têm sido os filósofos, críticos literários e ensaístas que refletem sobre este assunto – Antoine Compagnon, Antonio Candido, Byung-Chul Han, Eduardo Lourenço, George Steiner, Italo Calvino, Lamberto Maffei, Nuccio Ordine, Lídia Jorge, Manuel Frias Martins, Susan Sontag, Umberto Eco, Vítor Aguiar e Silva, entre tantos outros. Mais recentemente, em 2021, Noreena Hertz publicou um livro intitulado O Século da Solidão. Como restaurar as ligações humanas. Economista prestigiada, a autora reflete sobre a contemporaneidade ainda antes dos tempos da covid-19, alertando para o esvaziamento das capacidades sociais e humanas entre os mais jovens. Como forma de resposta e reflexão, a autora faz o elogio do que vincula: o pensamento, a sensibilidade e a linguagem, por outras palavras, a Literatura. Convocando Lídia Jorge, “para mim é absolutamente fundamental a ideia de que a literatura nos diz que nós nos temos uns aos outros” (Jorge apud Melo, 2022, p. 48). Num posicionamento crítico afim, João Lobo Antunes, em O Consolo das Humanidades, confessa:

Poderá perguntar-se então que ganhei eu com a cultura humanística que comecei a adquirir ainda antes de ser médico, tantas vezes à mesa de jantar, no rio de uma conversa de uma inteligência austera? Eu diria que a maior conquista foi ter-me apurado o ouvido para captar outras vozes, compreender o significado oculto das palavras, e ter a competência para falar com qualquer pessoa num diálogo que nos eleva àquela altitude comum que permite o olhar horizontal, olhos nos olhos (Antunes, 2018, p. 291).

É, pois, inspirado no título de Noreena Hertz se propõe o dossier temático O tempo da literatura, aberto a diferentes eixos de problematização crítica. Com base na interrogação que jamais se esgota – a saber, o que pode a Literatura? Ou ainda, pode a Literatura salvar-se de si mesma? –, e com ênfase na literatura portuguesa produzida ao longo dos últimos dois séculos, convocamos contribuições que se enquadrem nos seguintes eixos temáticos:

  • A literatura portuguesa no século XXI: novos caminhos, tendências e desafios hipercontemporâneos;
  • A literatura portuguesa do/no mundo hipercontemporâneo em mudança – as crises pandémicas, ecológicas e mentais, etc.;
  • A literatura portuguesa e os diálogos intermediais e multimodais;
  • Revisitações do Cânone e reescrita ficcional da História;
  • O Papel da Crítica Literária no mundo atual.

Além do dossiê temático, a Revista Desassossego conta com a recepção de texto em fluxo contínuo para a seção VÁRIA, para a qual recebemos artigos científicos relacionados à literatura e cultura portuguesas; e a seção OUTROS DESASSOSSEGOS, na qual publicamos textos poéticos e autorais inéditos enviados por nossos leitores. Ainda podem ser publicadas RESENHAS de livros editados nos últimos cinco anos ou ENTREVISTAS com nomes relevantes para a temática da revista.

Organizadores: José Vieira (Universidade de Lisboa, Portugal/Università Degli Studi di Padova, Itália), Filipe Senos Ferreira (Universidade de Aveiro, Portugal), Matteo Pupillo (Universidade de Lisboa, Portugal) e Flavia Maria Corradin (Universidade de São Paulo, Brasil)

Prazo para submissões: Os artigos, resenhas e entrevistas relacionadas ao dossiê temático O tempo da literatura serão recebidos impreterivelmente até 31 de janeiro de 2026. A publicação está prevista para novembro de 2026.

Para mais informações, acesse: https://revistas.usp.br/desassossego/announcement/view/1963