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O que é Associação Livre (Freie Assoziation)?

O método de Associação Livre, proposto por Sigmund Freud, é uma técnica fundamental e considerada a "pedra angular" da psicanálise. Essencialmente, consiste na expressão indiscriminada de todos os pensamentos, sentimentos, imagens, memórias e ideias que ocorrem à sua mente, sem qualquer forma de censura, seleção lógica ou julgamento por parte do paciente ou analista. 

A técnica vou desenvolvida por Freud como forma de substituir a hipnose, ao passo em que percebeu na fala espontânea dos pacientes, mesmo aparentemente desconexa, a existência de pistas valiosas sobre o funcionamento do inconsciente. Ele observou que, ao suspender a indução hipnótica dos pensamentos, conteúdos reprimidos, desejos ocultos e conflitos psíquicos, eles tendiam a emergir através dessas associações aparentemente aleatórias.

Os principais aspectos do método de Associação Livre, segundo Freud, incluem:

Ausência de Censura: O paciente é encorajado a dizer tudo o que lhe vem à cabeça, por mais irrelevante, tolo, doloroso, vergonhoso ou ilógico que possa parecer. A suspensão da autocrítica é crucial para permitir que o inconsciente se manifeste sem filtros;

Espontaneidade: O fluxo de pensamentos deve ser o mais espontâneo possível, seguindo as conexões que naturalmente se formam na mente do paciente. Não há necessidade de forçar associações ou tentar encontrar uma lógica imediata;

Interpretação: O trabalho do analista envolve a interpretação dessas associações e das resistências, ajudando o paciente a tomar consciência dos conflitos inconscientes que estão na raiz de seus problemas;

Material para Análise: O material produzido pela associação livre (palavras, frases, lapsos de linguagem, hesitações, repetições, temas recorrentes) torna-se o principal foco da análise. O analista, com sua "atenção flutuante", busca identificar padrões, simbolismos e significados latentes nessas associações;

Partida de um Estímulo ou Livremente: As associações podem surgir a partir de um elemento dado pelo analista (uma palavra, uma imagem de sonho, um número, etc.) ou de forma completamente espontânea, sem um ponto de partida externo definido;

Resistência: Freud também observou que, frequentemente, os pacientes encontram dificuldades em seguir a regra da associação livre, apresentando hesitações, bloqueios ou mudanças de assunto. Essas resistências são consideradas importantes indicadores dos pontos onde conteúdos inconscientes significativos estão sendo evitados;

Revelação do Inconsciente: Freud acreditava que a associação livre era a "via régia" para o inconsciente. As conexões entre os pensamentos aparentemente desconexos revelam as intrincadas relações entre os conteúdos psíquicos reprimidos e os sintomas ou dificuldades do paciente.


O que é Ato falho (Fehlleistung)?

Ato falho é o resultado da ação "não intencional" do sujeito que, inconscientemente, faz menção a um determinado objeto/pessoa/coisa quando, na verdade, visava outro, ou seja, um resultado imprevisto. A primeira aparição do termo, em psicanálise, ocorreu na obra A interpretação dos sonhos, de 1900, na qual Freud atribui ao ato falho o valor de sintoma, já que a troca de um elemento em detrimento de outro corresponderia a uma tentativa do aparelho psíquico de estabelecer um resultado entre o compromisso do sujeito com a realidade (consciência) e as demandas do desejo (inconsciente).

Um exemplo de ato falho: Uma pessoa chama o atual companheiro pelo nome do ex., demonstrando que ainda há um conflito anímico no sentido de tentar alocar o novo companheiro na posição afetiva que fora de outro. 

O que é ab-reação?

O termo ab-reação foi estabelecido por Sigmund Freud e Josef Breuer em 1893, durante o desenvolvimento dos seus estudos conjuntos sobre o comportamento histérico, mais precisamente no texto “Comunicação preliminar”, de modo a definir o fenômeno no qual o sujeito, após revisitar a cena traumática, é acometido por uma intensa descarga emocional, capaz de revogar a ação dos sintomas considerados de ordem patológica. A ab-reação, portanto, está nos alicerces do método psicanalítico, pois ela parte da crença de que, descoberto o momento da lesão anímica, também se descobriria a origem dos sintomas histéricos, a partir do qual se poderia trabalhar no sentido de ultrapassar os obstáculos psíquicos que insistem na sua conservação, que Freud denominaria, posteriormente, de resistência, incluído no quadro dos mecanismos de defesa.

Frederico Lima