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O que significa pré-genital (prãgenital) para a psicanálise?

Para a psicanálise, o adjetivo "pré-genital" qualifica uma variedade de fenômenos psíquicos, incluindo pulsões, organizações libidinais e fixações, que caracterizam os estágios iniciais do desenvolvimento psicossexual, anteriores ao estabelecimento da primazia da zona genital. Durante esse período, que compreende as fases oral, anal e de latência, o investimento libidinal se concentra em zonas erógenas distintas dos órgãos genitais.

A compreensão do período pré-genital é fundamental na teoria psicanalítica, pois as experiências e as possíveis fixações nessas fases iniciais podem influenciar significativamente a formação da personalidade e a predisposição a certas neuroses na vida adulta. A análise das características pré-genitais em um paciente pode fornecer insights valiosos sobre conflitos psíquicos subjacentes e padrões de relacionamento.


O que significa Reparação (Wiedergutmachung) para a psicanálise?

O conceito de Reparação, central na teoria psicanalítica de Melanie Klein (1882-1960), descreve o esforço psíquico do indivíduo no sentido de restituir e "curar" o objeto amado dos danos imaginários infligidos por suas próprias fantasias destrutivas. Segundo Klein, na dinâmica psíquica primitiva, o indivíduo vivencia impulsos agressivos e destrutivos direcionados ao objeto primário, geralmente a figura materna. Essas fantasias de ataque geram no sujeito sentimentos de angústia e culpa depressiva, relacionados à percepção (fantasiada) de ter prejudicado o objeto essencial para sua sobrevivência emocional e física.

O mecanismo de Reparação surge como uma tentativa de aliviar essa angústia e culpa. Através de um esforço inconsciente, o indivíduo busca reconstruir e reparar o objeto materno, tanto em sua representação interna (o objeto internalizado) quanto em sua realidade externa. Esse processo reparatório fantasístico é crucial para a elaboração bem-sucedida da posição depressiva, um estágio do desenvolvimento psíquico kleiniano caracterizado pela integração do objeto bom e mau em um todo e pela capacidade de sentir preocupação pelo outro.

O sucesso da Reparação fantasística permite ao ego estabelecer uma identificação mais estável com o objeto benéfico, internalizando suas qualidades positivas e fortalecendo a sensação de segurança interna. Em outras palavras, ao reparar o objeto na fantasia, o indivíduo experiencia um alívio da culpa e fortalece sua relação interna com um objeto amado e não danificado, contribuindo para a integração do ego e a capacidade de amar e se importar com os outros de forma mais plena e realista.

Em suma, a Reparação kleiniana não se limita a um mero ato de "consertar" o dano imaginário, mas representa um processo psíquico fundamental para o desenvolvimento emocional saudável, envolvendo a elaboração da agressividade, a internalização de um objeto bom e a capacidade de sentir responsabilidade e cuidado pelo outro.


O que significa Interpretação (Deutung) para a psicanálise?

O termo "interpretação", traduzido da expressão alemã deutung, embora extraído do vocabulário comum, adquire uma profundidade singular no contexto psicanalítico, notavelmente a partir da obra seminal de Sigmund Freud, A Interpretação dos Sonhos, alçada pelo neurologista como sendo a fundadora da sua psicoterapia. Nela, Freud estabelece a interpretação como a ferramenta metodológica central através da qual a psicanálise busca desvelar o significado subjacente, o conteúdo latente do sonho. O objetivo primordial desse esforço de decifração é trazer à luz o desejo inconsciente que se disfarça nas intrincadas narrativas oníricas de um sujeito.

Expandindo essa concepção original, o termo "interpretação" na psicanálise abrange qualquer intervenção clínica que tenha como meta auxiliar o analisando a apreender a significação inconsciente que permeia seus atos, seus discursos e suas angústias. Essa busca por compreensão não se restringe ao domínio dos sonhos, estendendo-se a diversas manifestações do inconsciente que irrompem na experiência consciente. Assim, a interpretação se aplica à análise de um dito aparentemente casual, de um lapso de linguagem revelador, de um ato falho que fornece indícios de uma intenção oculta, das resistências que obstaculizam o processo analítico, e dos intrincados fenômenos da transferência, onde padrões relacionais inconscientes são reeditados na relação terapêutica.

Em essência, a interpretação psicanalítica não se limita a uma mera tradução literal, mas envolve um processo complexo de escuta atenta, de estabelecimento de associações e de construção de sentido, sempre levando em consideração a singularidade da história e da dinâmica psíquica de cada indivíduo. Através da interpretação, o analista busca oferecer ao analisando elementos que possibilitem um novo olhar sobre seu próprio funcionamento psíquico, promovendo um maior autoconhecimento e a possibilidade de elaboração dos seus conflitos inconscientes.


O que é Conteúdo Latente (latenter Inhalt)?

O conceito de Conteúdo Latente foi desenvolvido como uma chave fundamental para desvendar os enigmas do inconsciente, especialmente no domínio onírico. Ele representa o núcleo de significações ocultas que a análise busca desenterrar por trás da superfície manifesta de uma produção inconsciente, notavelmente o sonho.

Inicialmente, o sonho se apresenta como uma narrativa visual, um fluxo aparentemente desconexo de imagens e eventos, denominado por Freud de Conteúdo Manifesto. Contudo, a lente da análise psicanalítica busca penetrar essa fachada, revelando que essa "história" imagética é, na verdade, uma elaboração, uma espécie de disfarce que protege o indivíduo do impacto direto de seus desejos e impulsos mais profundos.

Ao ser decifrado através do trabalho analítico, mediante técnicas como a livre associação e a interpretação dos símbolos, o sonho passa por uma metamorfose radical. Ele deixa de ser uma mera sequência de imagens disformes e sem uma aparente significação para se revelar como uma intrincada organização de pensamentos, um discurso carregado de significado. Essa transformação revela que, subjacente à narrativa onírica, reside a expressão condensada e deslocada de um ou múltiplos desejos inconscientes.

O Conteúdo Latente para Freud, portanto, é o verdadeiro cerne do sonho, a realização disfarçada de um desejo. Ele nos permite acessar as dinâmicas psíquicas subjacentes, as motivações ocultas e os conflitos internos que moldam nossa experiência consciente. Compreender o Conteúdo Latente é essencial para a psicanálise, pois oferece um caminho privilegiado para a compreensão da arquitetura do inconsciente e para o processo terapêutico de trazer à luz e integrar conteúdos psíquicos outrora inacessíveis.


O que é Estádio do Espelho?

O conceito de estádio do espelho, idealizado por Jacques Lacan, em 1936 (e posteriormente desenvolvido em seus seminários), transcende a mera identificação infantil com a própria imagem refletida ou com a imagem de outro semelhante. Ele se configura como um momento crucial na gênese do eu (o moi lacaniano), marcando a emergência de uma primeira forma de identidade e a fundação da relação do sujeito com o Outro.

No período compreendido aproximadamente entre os seis e dezoito meses de idade – uma fase de relativa imaturidade motora e dependência do cuidado alheio –, a criança vivencia uma experiência fundamental ao se deparar com sua imagem no espelho ou com a imagem de outra criança. Essa imagem, percebida como um todo unificado e dotado de domínio motor, contrasta fortemente com a experiência fragmentada e descoordenada que o bebê tem do próprio corpo, ainda permeado por sensações corporais dispersas e pela ausência de controle pleno sobre seus movimentos.

Acontece então um processo de identificação alienante. A criança, ao se reconhecer nessa imagem especular, introjeta-a como um ideal de totalidade e domínio. Essa identificação não é um reconhecimento no sentido pleno, mas sim uma assimilação imaginária dessa forma unificada como sendo o seu próprio eu idealizado. Em outras palavras, a criança se vê no espelho como um "outro" que ela aspira ser, estabelecendo uma primeira matriz de identificação que moldará sua futura relação com sua própria imagem corporal e com os outros.

É importante ressaltar que o "semelhante" mencionado no texto não se limita apenas a outra criança. Ele engloba também a figura materna (ou o cuidador primário), cujo olhar funciona como um "espelho" primordial, devolvendo ao bebê uma imagem de si e sancionando sua existência. O desejo do Outro materno precede e estrutura o desejo do sujeito.

O estágio do espelho, portanto, não é apenas um evento passageiro no desenvolvimento infantil, mas sim um momento estruturante com consequências duradouras para a constituição psíquica do sujeito. Ele inaugura a ordem imaginária, um dos três registros fundamentais da teoria lacaniana (juntamente com o simbólico e o real). No imaginário, o sujeito se relaciona com o mundo e com os outros através de identificações e ilusões de completude, buscando incessantemente reencontrar a unidade primordial vislumbrada no espelho.

Essa primeira identificação alienante com a imagem especular lança as bases para a formação do ego, essa instância psíquica marcada por identificações imaginárias e pela ilusão de autonomia e controle. Contudo, essa unidade é sempre, em sua origem, alienada, dependente do reconhecimento do Outro.

Em suma, o estágio do espelho é um momento dialético crucial onde a criança, confrontada com uma imagem de totalidade, antecipa imaginariamente a unidade de seu corpo, fundando o "eu" como uma instância marcada pela identificação com o Outro e pela busca incessante por uma completude ilusória. Essa experiência primordial deixa um legado duradouro na estrutura psíquica, influenciando a forma como o sujeito se percebe, se relaciona com os outros e se situa no mundo. As variações terminológicas em português ("estágio do espelho" e "fase do espelho") apenas reforçam a centralidade desse conceito na compreensão do desenvolvimento subjetivo.


O que é Elaboração (Durcharbeitung)?

A elaboração, termo introduzido no léxico psicanalítico em 1967, por Jean Laplanche e Jean-Bertrand Pontalis, designa um processo fundamental e intrínseco ao tratamento analítico: o trabalho psíquico inconsciente. O termo perlaboração (perlaboration em francês) foi desenvolvido pelos psicanalistas como uma forma de tentar traduzir a riqueza semântica do verbo alemão durcharbeiten, empregado por Sigmund Freud para descrever essa modalidade específica de atuação do inconsciente no contexto da análise.

Conquanto o fundador da psicanálise não tenha formalizado durcharbeiten como um conceito estruturado em sua teoria, Laplanche e Pontalis reconheceram sua importância clínica, elevando-o a essa categoria. A perlaboração (algo como "elaboração inconsciente") emerge como o motor essencial para a integração de uma interpretação pelo analisando. Através desse trabalho contínuo e muitas vezes árduo, o sujeito é capaz de contornar e dissolver as resistências que inevitavelmente se manifestam diante da emergência de conteúdos inconscientes.

Na tradução para a língua inglesa, a complexidade de durcharbeiten foi capturada pela expressão working through (literalmente, "trabalhar através"), que evoca a ideia de um processo ativo e gradual de internalização e superação. O processo de elaboração, portanto, não se limita à mera recepção intelectual da interpretação, mas implica um trabalho de apropriação psíquica, no qual o material inconsciente é repetidamente revisitado, ressignificado e integrado à história e à estrutura do sujeito, promovendo uma mudança psíquica duradoura.


O que são Mecanismos de defesa?

Em psicanálise, os mecanismos de defesa são estratégias psicológicas inconscientes que o ego utiliza para se proteger da ansiedade e de sentimentos dolorosos ou inaceitáveis. Eles distorcem a realidade para minimizar o conflito entre as pulsões do id (desejos primitivos), as exigências do superego (consciência moral internalizada) e as restrições do mundo externo.

Em outras palavras, quando o indivíduo se depara com pensamentos, sentimentos, impulsos ou situações que causam desconforto psíquico, os mecanismos de defesa são acionados para reduzir essa angústia e manter o equilíbrio psíquico.

É importante notar que os mecanismos de defesa são considerados normais e até necessários para a saúde mental em certas situações. No entanto, o uso excessivo ou rígido de um ou mais mecanismos pode levar a padrões de comportamento disfuncionais e até mesmo a transtornos psicológicos.

Alguns dos principais mecanismos de defesa descritos pela psicanálise incluem:

Recalcamento (ou Repressão): Exclusão de pensamentos, sentimentos ou memórias inaceitáveis da consciência para o inconsciente. É considerado o mecanismo de defesa fundamental;

Negação: Recusa em aceitar a realidade de uma situação dolorosa ou ameaçadora;

Projeção: Atribuição de sentimentos, desejos ou características inaceitáveis do próprio indivíduo a outra pessoa;

Formação Reativa: Expressar o oposto do que realmente se sente, muitas vezes de forma exagerada;

Regressão: Retorno a um estágio anterior de desenvolvimento em resposta ao estresse;

Deslocamento: Transferência de sentimentos ou impulsos de um objeto ameaçador para um objeto menos ameaçador;

Racionalização: Criação de explicações lógicas e aceitáveis para comportamentos ou sentimentos inaceitáveis;

Sublimação: Canalização de impulsos inaceitáveis para atividades socialmente aceitas e valorizadas;

Intelectualização: Abordar situações emocionalmente carregadas de forma excessivamente racional e distante, focando nos fatos e na lógica para evitar o sentimento.

Conquanto Sigmund Freud tenha sido o pioneiro na introdução do conceito de mecanismos de defesa na psicanálise, foi sua filha, Anna Freud, quem se tornou a grande estudiosa e sistematizadora desses processos.

Em seu livro seminal de 1936, O Ego e os Mecanismos de Defesa, Anna Freud expandiu e organizou as ideias do pai, descrevendo com detalhes diversos mecanismos de defesa e explorando o papel do ego na sua utilização para lidar com a ansiedade e os conflitos psíquicos.

Enquanto Sigmund Freud focou mais nos mecanismos de defesa relacionados à repressão das pulsões do id, Anna Freud dedicou-se a observar como o ego se defende de uma gama mais ampla de ameaças, incluindo as exigências do superego e a realidade externa. Ela também introduziu novos mecanismos de defesa, como a sublimação, o deslocamento, a negação e a identificação com o agressor.

Portanto, embora Sigmund Freud tenha lançado as bases para a compreensão dos mecanismos de defesa, Anna Freud é amplamente reconhecida como a grande estudiosa que aprofundou, expandiu e sistematizou esse importante aspecto da teoria psicanalítica. Sua obra continua sendo uma referência fundamental para o estudo e a prática da psicanálise.


"Decepções são inevitáveis, pois, mesmo que conheçamos alguém há muito tempo, ninguém consegue ser para o outro tudo aquilo que ele idealiza/demanda. Mas conseguimos minimizar as chances de nos decepcionarmos quando tratamos o nosso coração como solo sagrado, só permitindo estar dentro dele quem o considera como tal, respeitando e tendo fé naquilo que sentimos, porque sem fé não há propósito, e sem propósito nada floresce."


Frederico Lima

O que é Associação Livre (Freie Assoziation)?

O método de Associação Livre, proposto por Sigmund Freud, é uma técnica fundamental e considerada a "pedra angular" da psicanálise. Essencialmente, consiste na expressão indiscriminada de todos os pensamentos, sentimentos, imagens, memórias e ideias que ocorrem à sua mente, sem qualquer forma de censura, seleção lógica ou julgamento por parte do paciente ou analista. 

A técnica vou desenvolvida por Freud como forma de substituir a hipnose, ao passo em que percebeu na fala espontânea dos pacientes, mesmo aparentemente desconexa, a existência de pistas valiosas sobre o funcionamento do inconsciente. Ele observou que, ao suspender a indução hipnótica dos pensamentos, conteúdos reprimidos, desejos ocultos e conflitos psíquicos, eles tendiam a emergir através dessas associações aparentemente aleatórias.

Os principais aspectos do método de Associação Livre, segundo Freud, incluem:

Ausência de Censura: O paciente é encorajado a dizer tudo o que lhe vem à cabeça, por mais irrelevante, tolo, doloroso, vergonhoso ou ilógico que possa parecer. A suspensão da autocrítica é crucial para permitir que o inconsciente se manifeste sem filtros;

Espontaneidade: O fluxo de pensamentos deve ser o mais espontâneo possível, seguindo as conexões que naturalmente se formam na mente do paciente. Não há necessidade de forçar associações ou tentar encontrar uma lógica imediata;

Interpretação: O trabalho do analista envolve a interpretação dessas associações e das resistências, ajudando o paciente a tomar consciência dos conflitos inconscientes que estão na raiz de seus problemas;

Material para Análise: O material produzido pela associação livre (palavras, frases, lapsos de linguagem, hesitações, repetições, temas recorrentes) torna-se o principal foco da análise. O analista, com sua "atenção flutuante", busca identificar padrões, simbolismos e significados latentes nessas associações;

Partida de um Estímulo ou Livremente: As associações podem surgir a partir de um elemento dado pelo analista (uma palavra, uma imagem de sonho, um número, etc.) ou de forma completamente espontânea, sem um ponto de partida externo definido;

Resistência: Freud também observou que, frequentemente, os pacientes encontram dificuldades em seguir a regra da associação livre, apresentando hesitações, bloqueios ou mudanças de assunto. Essas resistências são consideradas importantes indicadores dos pontos onde conteúdos inconscientes significativos estão sendo evitados;

Revelação do Inconsciente: Freud acreditava que a associação livre era a "via régia" para o inconsciente. As conexões entre os pensamentos aparentemente desconexos revelam as intrincadas relações entre os conteúdos psíquicos reprimidos e os sintomas ou dificuldades do paciente.


Frederico Lima #2

"No fundo, no fundo, tudo aquilo que nos incomoda nos outros diz muito mais sobre nós do que deles."

— Frederico Lima 

Frederico Lima #3

“Estranho é a vida ser tão curta e, mesmo assim, uma vez ou outra, fazer com que a gente enfrente algumas madrugadas tão longas.”

Frederico Lima 

O que são Zonas Erógenas?

Sigmund Freud revolucionou a compreensão da sexualidade ao introduzir o conceito de zonas erógenas, que já apresenta seus primeiras formulações em diálogos presentes nas correspondências trocadas com W. Fliess, precisamente nas de 6-12-1896 e de 14-11-1897, e, posteriormente, melhor desenvolvido nos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Em sua visão, a sexualidade não se restringia aos órgãos genitais, mas permeava todo o corpo, desde a infância. Ele definiu uma zona erógena como qualquer região do revestimento cutâneo-mucoso suscetível de se tornar sede de uma excitação de tipo sexual. Essa definição abrangente deslocava o foco da sexualidade puramente genital para uma perspectiva mais ampla e corporal.

Mais especificamente, Freud identificou certas regiões que funcionalmente atuavam como sedes privilegiadas dessa excitação. Essas áreas, embora possuam funções primárias não sexuais, tornam-se carregadas de significado erótico através das experiências e interações do indivíduo. As principais zonas erógenas especificadas por Freud incluem:

1. Zona Oral: A boca, os lábios e a língua são as primeiras zonas de prazer para o bebê, inicialmente ligadas à nutrição através da amamentação. A sucção, a deglutição e o contato labial com o seio materno (ou substitutos) proporcionam não apenas a satisfação da fome, mas também um prazer autoerótico fundamental. Essa fase oral, que se estende aproximadamente do nascimento até cerca de um ano e meio, deixa marcas importantes no desenvolvimento psíquico e pode influenciar comportamentos futuros relacionados à oralidade, como alimentação, fala e vícios.

2. Zona Anal: Por volta do segundo ano de vida, a atenção libidinal se desloca para a região anal e uretral. A capacidade de controlar os esfíncteres durante o treinamento para o uso do banheiro torna-se uma fonte de prazer e poder para a criança. A retenção e a expulsão das fezes podem ser vivenciadas com excitação. Essa fase anal está associada a temas de controle, organização e possessividade, que podem se manifestar em traços de personalidade na vida adulta.

3. Zona Uretro-Genital: A partir da fase fálica, que se inicia por volta dos três anos, os órgãos genitais (pênis no menino e clitóris na menina) assumem um papel central como fonte de prazer. A manipulação dessas áreas e a curiosidade em relação às diferenças sexuais são características dessa fase. A zona uretral também está ligada à micção, que pode ser acompanhada de sensações prazerosas. Essa fase é crucial para o desenvolvimento da identidade sexual e para o surgimento do Complexo de Édipo.

4. Mamilos: Embora não sejam tradicionalmente classificados como parte das fases psicossexuais em si, os mamilos são reconhecidos por Freud como zonas erógenas importantes. Sua sensibilidade ao toque e à sucção, observada desde a amamentação, pode persistir ao longo da vida e desempenhar um papel significativo na excitação sexual em ambos os sexos. A estimulação dos mamilos pode evocar memórias e sensações da primeira infância, ligadas ao prazer da nutrição e ao contato com a figura materna.

É importante ressaltar que, para Freud, a erogeneidade não se limita a essas zonas específicas. Ele posteriormente ampliou sua visão, sugerindo que todas as partes do corpo possuem o potencial de se tornar zonas erógenas através de associações psíquicas e experiências individuais. O toque, o olhar, o som e até mesmo a imaginação podem carregar uma carga erótica e despertar excitação em diferentes áreas do corpo.

A noção de zonas erógenas de Freud é fundamental para compreender sua teoria da sexualidade infantil e o desenvolvimento psicossexual. Ela demonstra que a sexualidade é uma força presente desde o nascimento, buscando prazer em diversas partes do corpo antes de se concentrar na genitalidade na fase adulta. Além disso, essa perspectiva desafia a visão restrita da sexualidade ligada apenas à reprodução, abrindo caminho para uma compreensão mais complexa e abrangente do desejo e do prazer humano. As experiências vividas nessas diferentes zonas erógenas ao longo da infância moldam a personalidade e podem influenciar a vida sexual adulta, tanto em sua normalidade quanto em suas possíveis fixações e desvios.


Frederico Lima #5

"Cada pessoa é, simplesmente, o que é. As decepções representam o resultado dos excessos que colocamos sobre cada uma delas. E é por isto que sofremos tanto: porque, inconscientemente, projetamos nos outros aquilo que queremos, em vez de enxergá-los como realmente são."

— Frederico Lima 

Frederico Lima #4

“Sobre as questões de dentro, quase sempre incompreensíveis, pouquíssimo pode ser tocado pela razão. É por isso que, diante de um amor inesperado, sempre haverá essa guerra interna com gosto agridoce, onde uma parte sua reclamará liberdade irrestrita, enquanto a outra te fará experimentar uma estranha e imensa vontade de pertencer a alguém.”

Frederico Lima 

O que é Bissexualidade (Bisexualitàt)?

A noção de bissexualidade, introduzida por Freud na psicanálise a partir da influência de Wilhelm Fliess, sugere que todo ser humano possui, desde o nascimento, disposições sexuais tanto masculinas quanto femininas. Essas disposições não se referem apenas à atração sexual, mas também a traços de personalidade, comportamentos e identificações que são tradicionalmente associados a cada gênero, os quais tomam um rumo distintivo mediante as influências afetivas, traumáticas, culturais etc.

Para o pai da psicanálise, a bissexualidade é uma característica universal e inata, presente em todos os indivíduos, mas que, durante o desenvolvimento psicossexual, essa disposição bissexual entra em conflito com as pressões sociais e culturais que exigem a adoção específica de um desses papeis, movimento que acaba por moldar a identidade sexual e de gênero do indivíduo.

Um dos contextos mais importantes para a resolução desses conflitos é aquele em que se institui o complexo de Édipo, um dos conceitos centrais da teoria freudiana, já que, durante essa fase, a criança experimenta desejos sexuais e sentimentos de rivalidade em relação aos pais, o que a leva a identificar-se com o genitor do mesmo sexo e a internalizar os papéis de gênero, isto é, a forma como o complexo edípico é resolvido influencia a expressão da bissexualidade na vida adulta.


Frederico Lima #6

“Dói. Dói sim. Mas a verdade é que algumas pessoas não nasceram para ficar fisicamente juntas, embora o encontro de suas almas tenha se tornado inesquecível.” 

Frederico Lima 

Garota Labirinto #1

“Você não precisa tentar ser perfeita para uma pessoa que, provavelmente, não é e nunca será perfeita para você. Ser o que você é naturalmente já será suficiente, desde que você esteja bem consigo mesma e com os seus ‘defeitos’. Ser o que você é, minha amiga, é a coisa mais sexy que existe.”

No livro Garota Labirinto, de Frederico Lima 

Frederico Lima #7

“Já pensou que poderíamos trocar meses cortados de dor e insegurança por apenas alguns horas de estranhamentos logo esclarecidos? Eu já pensei. Na verdade, penso sempre. Só não sei o porquê de ainda não conseguir colocar em prática. Talvez por esperar o mesmo de você, que também nunca dá o braço a torcer; talvez por imaginar que isso seria aceitar os teus erros, mesmo que você também estivesse aceitando os meus; talvez por ainda ser muito nova para viver um sentimento tão forte (como minha mãe está cansada de dizer); ou talvez por tudo isso junto, afinal, sou cheia de insegurança, sempre fui.”

Frederico Lima 

O que é Princípio de Realidade?

 O princípio de realidade compõe, ao lado do princípio de prazer, o esquema que rege o funcionamento mental. O princípio de realidade atua sobre o princípio de prazer, modificando-o na medida em que representa a capacidade de adiar a gratificação imediata em prol de objetivos a longo prazo, considerando as restrições impostas pelo mundo externo, diferente do princípio de prazer, cujo objetivo é a obtenção imediata e irrestrita de satisfação. 

Pode ser encarado a partir de três perspectiva básicas: do ponto de vista econômico, o princípio de realidade funciona como uma espécie de conversor da energia livre (associada ao prazer imediato) em energia ligada (relacionada ao planejamento e à ação deliberada; do ponto de vista tópico, ele está diretamente interligado aos planos pré-consciente e consciente, na medida em que se conecta diretamente com o pensamento lógico e a percepção da realidade; do ponto de vista dinâmico, tende-se a acreditar que o princípio de realidade se baseia em um tipo específico de energia pulsional, predominantemente a serviço do ego, conhecido como pulsões do ego. Essas pulsões auxiliam o indivíduo a navegar pelas complexidades do ambiente externo, equilibrando desejos internos com as demandas da realidade.


Frederico Lima #8

“Nunca te disse, ou pelo menos ainda não te contei, mas eu já estou tão acostumada contigo, com esse sentimento agridoce, que o meu maior medo, de um tempo para cá, tem sido de te perder numa dessas nossas infantilidades. Só pensar nisso me dói muito mais do que todas as vezes em que olhei para trás e vi você ir embora para mais um das nossas semanas de separação. E tem doído muito ultimamente, como se fosse um aviso de que, por mais que gostemos um do outro, a falta de maturidade faz tudo ter prazo de validade.”

Frederico Lima