“O medo de sentir é maior do que o medo de sofrer.”
Do livros Morangos Mofados, de Caio Fernando Abreu
sábado, 12 de julho de 2025
Anna Freud #4
“Se algo não te satisfaz, não se espante. Chamamos isso de vida.”
Anna Freud
sexta-feira, 11 de julho de 2025
Jane Austen #2
"Mas confesso que a mim nada disso me encanta. Prefiro infinitamente um livro."
Do livros Orgulho e Preconceito, de Jane Austen
Jane Austen #1
"Tenho lutado em vão. Não resistirei. Meus sentimentos não serão reprimidos. Você deve permitir que eu lhe diga o quão ardentemente eu a admiro e a amo."
Do livro Orgulho e Preconceito, de Jane Austen
Caio Fernando Abreu #20
“A vida é curta demais para ser pequena.”
Do livros Morangos Mofados, de Caio Fernando Abreu
Sigmund Freud #4
"[...] as perversões, portanto, não devem ser referidas simplesmente à fixação das inclinações infantis, mas também à regressão às mesmas devido à obstrução de outros canais da corrente sexual. Por isso as perversões são também acessíveis à terapia psicanalítica."
No livro Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, de Sigmund Freud (1905)
quinta-feira, 10 de julho de 2025
Anna Freud #3
"O que sempre quis para mim é muito mais primitivo. Provavelmente nada mais é do que o afeto das pessoas com as quais estou em contato, e sua boa opinião sobre mim.”
Anna Freud
quarta-feira, 9 de julho de 2025
Sigmund Freud #3
"Em muitas dessas perversões a qualidade do novo alvo sexual é de tal ordem que requer uma apreciação especial. Algumas delas afastam-se tanto do normal em seu conteúdo que não podemos deixar de declará-las "patológicas", sobretudo nos casos em que a pulsão sexual realiza obras assombrosas (lamber excrementos, abusar de cadáveres) na superação das resistências (vergonha, asco, horror ou dor). Nem mesmo nesses casos, porém, pode-se ter uma expectativa certeira de que em seus autores se revelem regularmente pessoas com outras anormalidades graves ou doentes mentais. Tampouco nesses casos pode-se passar por cima do fato de que pessoas cuja conduta é normal em outros aspectos colocam-se como doentes apenas no campo da vida sexual, sob o domínio da mais irrefreável de todas as pulsões. Por outro lado, a anormalidade manifesta nas outras relações da vida costuma mostrar invariavelmente um fundo de conduta sexual anormal."
Do livro Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, de Sigmund Freud (1905)
terça-feira, 8 de julho de 2025
Uso do SS
Nomes/palavras originados pelos verbos DER, DIR, MIR, TER e TIR serão grafados com "SS":
Exs.:
conceder = concessão
exceder = excesso
proceder = processo
progredir = progressão
agredir = agressão, agressivo, agressividade
regredir = regressão
imprimir = impressão
deprimir = depressão
comprimir = compressa, compressão
oprimir = opressão, opressivo, opressividade
prometer = promessa
intrometer = intromissão
remeter = remessa
Atentar-se para o fato de que algumas palavras não se encaixam nessa regra, sendo terminadas com "Ç".
deter = detenção
reter = retenção
conter = contenção
perquirir = perquirição
remir = remição
Anna Freud #2
“Quando os sentimentos dos pais são ineficazes ou muito ambivalentes ou quando as emoções da mãe estão temporariamente comprometidas em outro lugar, as crianças se sentem perdidas.”
Anna Freud
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Sigmund Freud #2
"Apresenta-se-nos agora a conclusão de que há, na verdade, algo inato atrás das perversões, mas que é algo inato em todas as pessoas, embora, como uma disposição, possa variar de intensidade e ser aumentado pelas influências da vida real."
Do livro Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, de Sigmund Freud (1905)
domingo, 6 de julho de 2025
Anna Freud #1
“Às vezes a coisa mais bonita é precisamente a que vem inesperadamente e não merecida. Por isso, é algo visto verdadeiramente como um presente.”
Anna Freud
sábado, 5 de julho de 2025
Frederico Lima #36
"O que eu sei é que nessa brincadeirinha, eu descobri que tenho uma necessidade absurda de você, mesmo que eu só consiga supri-la te admirando de longe, e eu te odeio por isso, com todas as minhas forças, mas te amo, ironicamente, mais do que tudo."
Do livro Garota Labirinto, de Frederico Lima
sexta-feira, 4 de julho de 2025
Carl Gustav Jung #1
"Por toda a parte se levanta o problema de uma cosmovisão, o problema do sentido da vida e do mundo. Em nossa época, numerosas têm sido as tentativas no sentido de anular o curso do tempo e de cultivar uma cosmovisão de estilo antigo, ou seja, a teosofia ou, para empregarmos um termo mais palatável, a antroposofia. Nós temos necessidade de uma cosmovisão; em todo caso têm-na as gerações mais novas. Mas se não queremos retrogradar, qualquer nova cosmovisão deve renunciar à superstição de sua validade objetiva, e admitir que é apenas uma imagem que pintamos para deleite de nossa mente, e não um nome mágico com o qual tornamos presentes as coisas objetivas. A nossa cosmovisão não é para o mundo, mas para nós próprios. Se não formamos uma imagem global do mundo, também não podemos nos ver a nós próprios, que somos cópias fiéis deste mundo. Somente quando nos contemplamos no espelho da imagem que temos do mundo é que nos vemos de corpo inteiro. Só aparecemos na imagem que criamos. Só aparecemos em plena luz e nos vemos inteiros e complexos em nosso ato criativo. Nunca imprimiremos uma face no mundo que não seja a nossa própria; e devemos fazê-lo justamente para nos encontrarmos a nós próprios, porque o homem, criador de seus próprios instrumentos, é superior à ciência e à arte em si mesmas. Nunca estamos mais perto do segredo sublime de nossa origem do que quando nos conhecemos a nós próprios, que sempre pensamos já conhecer. Mas conhecemos melhor as profundezas do espaço do que as profundezas do nosso si-mesmo onde podemos escutar quase diretamente o palpitar da criação, embora sem entendê-la."
Do livro A Natureza da Psique, de Carl Gustav Jung
Alfred Adler #1
"As únicas pessoas normais são aquelas que você não conhece bem."
Alfred Adler
Chamada para o Dossiê – "Literatura e Humanidades em Diálogo: Caleidoscópio de Olhares"
A Revista LiteralMENTE convida pesquisadores, docentes, discentes e demais interessados para submeterem manuscritos ao segundo número deste periódico no ano de 2025, referente ao dossiê temático intitulado "Literatura e humanidades em diálogo: caleidoscópio de olhares".
Tendo em vista
que o caleidoscópio é um instrumento óptico que cria padrões visuais coloridos,
usando espelhos e pequenos objetos que, ao refletirem a luz, formam imagens
únicas e variadas a cada movimento, as obras literárias afiguram-se de modo
similar, tendo em vista que elas convidam o leitor a um processo dinâmico de
descoberta. Cada obra é, em si, um caleidoscópio de significados, cujos ângulos
e combinações do saber promovem múltiplas formas de se olhar a escrita.
Buscamos, portanto, análises e leituras que partam de múltiplos olhares, que
ampliem as lentes pelas quais observamos o texto. Ao abraçar essa diversidade
interpretativa, potencializamos o escopo interpretativo e a polissemia inerente
à obra literária. Cada nova leitura, cada nova discussão, cada nova abordagem
funciona como um giro no caleidoscópio, revelando camadas antes imperceptíveis,
cores antes não vistas e formas antes não imaginadas. É nesse movimento
contínuo de exploração que a literatura, assim como os padrões de um caleidoscópio,
se recria e se expande infinitamente em nossa mente.
A Revista
aceita colaborações vinculadas à teoria, à crítica e à história literárias
relacionadas ao estudo da literatura, dialogando com as ciências da
subjetividade para vislumbrar o processo de subjetivação do ser humano e os
reflexos do seu itinerário na tessitura literária. Nesta edição, buscamos
contribuições que explorem a literatura em diálogo com áreas afins, promovendo
abordagens interdisciplinares criativas que ampliem o entendimento sobre os
textos literários e seus múltiplos atravessamentos. Serão bem-vindos trabalhos
que articulem a literatura com campos como filosofia, história, arte, cinema,
psicanálise, sociologia, educação, estudos culturais, entre outros. Reforçamos,
portanto, o caráter híbrido e expansivo da linguagem literária.
Autores(as)
também podem submeter seus manuscritos às seções: Artigos de Temas Livres,
Ensaios, Resenhas e Relatos de Experiência.
Organizadores:
Prof. Dr. João
Pedro Rodrigues Santos (SEDUC-RS)
Prof.ª Ma.
Cristiane Gomes Lopes (FURG)
Período de
submissão de artigos: 30 de novembro de 2025.
Período
previsto para publicação: segundo semestre de 2025.
Link:
https://periodicos.ufpb.br/index.php/rl/announcement/view/1013
quinta-feira, 3 de julho de 2025
TRAUMAS DA GUERRA, ESCONDERIJOS DA ALMA: A FICÇÃO (IN)FIEL DO EU NOS CÔMODOS CARCOMIDOS DO ANEXO SECRETO (ANÍMICO) DE ANNE FRANK
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, Frederico de Lima; RODRIGUES, Hermano de França . TRAUMAS DA GUERRA, ESCONDERIJOS DA ALMA: A FICÇÃO (IN)FIEL DO EU NOS CÔMODOS CARCOMIDOS DO ANEXO SECRETO (ANÍMICO) DE ANNE FRANK. In: Anais do VII Seminário MILBA: ¿Das profundanças performáticas às cartografias de Daniela Galdino: um grito de libertação e resistência¿, 2024, UFRPE. Anais do(a) Anais do VII Seminário MILBA: ¿Das profundanças performáticas às cartografias de Daniela Galdino: um grito de libertação e resistência¿. Recife: Even3, 2023. p. 1-15. Disponível em: http://dx.doi.org/10.29327/1342624.7-1. Acesso em: dia/mês/ano.
Literatura e violência: efeitos do desmentido na contística de Rinaldo de Fernandes
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, F. de L. Literatura e violência: efeitos do desmentido na contística de Rinaldo de Fernandes. 204 f. 2027. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal da Paraíba. Programa de Pós-Graduação em Letras, João Pessoa-PB, 2027. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/11915. Acesso em: dia/mês/ano.
Corpos apartados, afetos em co(a)lizão: o inventário homoerótico e os espólios da perversão em Aqueles dois, de Caio Fernando Abreu
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, F. de L.; RODRIGUES, H. de F. Corpos apartados, afetos em co(a)lizão: o inventário homoerótico e os espólios da perversão em Aqueles dois, de Caio Fernando Abreu : Revista Desenredo, [S. l.], v. 20, n. 2, 2024. DOI: 10.5335/rdes.v20i2.15024. Disponível em: https://seer.upf.br/index.php/rd/article/view/15024. Acesso em: dia/mês/ano.
ENTRE A PUREZA DO ESPÍRITO E A DEGRADAÇÃO PELO DESEJO: O SUBSTRATO MASOQUISTA EM OS INFORTÚNIOS DA VIRTUDE, DE MARQUÊS DE SADE
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, Frederico de Lima; RODRIGUES, Hermano de França. ENTRE A PUREZA DO ESPÍRITO E A DEGRADAÇÃO PELO DESEJO: O SUBSTRATO MASOQUISTA EM OS INFORTÚNIOS DA VIRTUDE, DE MARQUÊS DE SADE. Revista Literatura em Debate, [S. l.], v. 19, n. 33, p. 241–260, 2024. DOI: 10.31512/19825625.2024.19.33.241-260. Disponível em: https://revistas.fw.uri.br/literaturaemdebate/article/view/4643. Acesso em: dia/mês/ano.
VESTIR-SE DE SI, DESPIR-SE DO OUTRO: O DECLÍNIO SUBJETIVO E AS IMPOSSIBILIDADES DO AMOR TRAVESTI EM A GRANDE ATRAÇÃO, DE RAIMUNDO MAGALHÃES JR.
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, Frederico de Lima; RODRIGUES, Hermano de França. VESTIR-SE DE SI, DESPIR-SE DO OUTRO: O DECLÍNIO SUBJETIVO E AS IMPOSSIBILIDADES DO AMOR TRAVESTI EM A GRANDE ATRAÇÃO, DE RAIMUNDO MAGALHÃES JR. Scripta Uniandrade, v. 22, p. 131-151, 2024. Disponível em: https://revista.uniandrade.br/index.php/ScriptaUniandrade/article/view/3283. Acesso em: dia/mês/ano.
Fetichismo como o possível do desejo no aroma incestuoso de "O Perfume de Roberta", de Rinaldo de Fernandes
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, F. de L.; RODRIGUES, H. de F. Fetichismo como o possível do desejo no aroma incestuoso de "O Perfume de Roberta", de Rinaldo de Fernandes. Revista LiteralMENTE , [S. l.], v. 4, n. 1, p. 11–29, 2024. DOI: 10.22478/ufpb.2764-4251.2024.n1.69749. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rl/article/view/69749. Acesso em: dia/mês/ano.
Violência enquanto sintoma social em Eu não quis te ferir, de Rinaldo de Fernandes
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, F. de L.; RODRIGUES, H. de F. Violência enquanto sintoma social em Eu não quis te ferir de Rinaldo de Fernandes . A Cor das Letras, [S. l.], v. 25, n. 2, 2024. DOI: 10.13102/cl.v25i2.9232. Disponível em: https://periodicos.uefs.br/index.php/acordasletras/article/view/9232. Acesso em: dia/mês/ano.
O itinerário concupiscente do desejo: signos perversos em Pierrô da caverna, de Rubem Fonseca
Como referenciar e acessar este artigo no original:
LIMA, Frederico de Lima. O itinerário concupiscente do desejo: signos perversos em Pierrô da caverna, de Rubem Fonseca. Guairacá, Guarapuava-PR, v. 39, n. 2, p. 146-158, 2023. Disponível em: https://revistas.unicentro.br/index.php/guaiaraca/article/view/7568. Acesso em: dia/mês/ano.
Rinaldo de Fernandes e a inquietante escrita do mal
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, Frederico de Lima. Rinaldo de Fernandes e a inquietante escrita do mal. Revista Letras Raras, Campina Grande, v. 11, n. 4, p. 205–211, 2022. DOI: 10.5281/zenodo.8048120. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/RLR/article/view/769. Acesso em: dia/mês/ano.
A epifania thanática do eu: perversão como registro social em O cobrador, de Rubem Fonseca
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, F. de L.; RODRIGUES, H. de F. .; FREITAS, M. P. de . A epifania thanática do eu: perversão como registro social em O cobrador, de Rubem Fonseca. DLCV, João Pessoa, PB, v. 18, p. e0220012, 2022. DOI: 10.22478/ufpb.2237-0900.2022v18.65265. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/dclv/article/view/65265. Acesso em: dia/mês/ano.
SUBJETIVIDADE À DERIVA EM GENI E O ZEPELIM, DE CHICO BUARQUE
Como referenciar e acessar este artigo no original:
LIMA, Frederico de Lima, SUBJETIVIDADE À DERIVA EM GENI E O ZEPELIM, DE CHICO BUARQUE. Revista de Letras Norte@mentos, [S. l.], v. 14, n. 35, 2021. DOI: 10.30681/rln.v14i35.7566. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/norteamentos/article/view/7566. Acesso em: dia/mês/ano.
Nuances melancólicas em cartas de Caio Fernando Abreu
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, Frederico de Lima. Nuances melancólicas em cartas de Caio Fernando Abreu. Monumenta - Revista Científica Multidisciplinar, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 17–24, 2021. Disponível em: https://revistaunibf.emnuvens.com.br/monumenta/article/view/32. Acesso em: dia/mês/ano.
ESCUTA DAS ENTRELINHAS: SIGMUND FREUD E A LITERATURA ENQUANTO REGISTRO DA SUBJETIVIDADE
Como referenciar e acessar este artigo no original:
SILVA, Frederico de Lima. ESCUTA DAS ENTRELINHAS: SIGMUND FREUD E A LITERATURA ENQUANTO REGISTRO DA SUBJETIVIDADE. Revista Literatura em Debate, [S. l.], v. 16, n. 28, p. 134–146, 2022. Disponível em: https://revistas.fw.uri.br/literaturaemdebate/article/view/4137. Acesso em: dia mês. ano.
CORPOS À DERIVA OU O NAUFRÁGIO DA ALTERIDADE EM ILHADO, DE RINALDO DE FERNANDES
Como referenciar e acessar este artigo no original:
LIMA, Frederico de Lima, Corpos à deriva ou o naufrágio da alteridade em Ilhado, de Rinaldo de Fernandes. LUMEN ET VIRTUS, v. 9, n. 22, p. 1-15, ago. 2018. Disponível em: <https://www.jackbran.com.br/lumen_et_virtus/numero_22/PDF/CORPOS%20%C3%80%20DERIVA%20OU%20O%20NAUFR%C3%81GIO%20DA%20ALTERIDADE%20.pdf>. Acesso em: dia/mês/ano.
ESTADO VIOLÊNCIA: A REPRESENTAÇÃO DO CONFLITO PULSIONAL NA LITERATURA CONTEMPORÂNEA
Como referenciar e acessar este artigo no original:
LIMA, Frederico de Lima, Estado Violência: a representação do conflito pulsional na literatura contemporânea. Verbum - Cadernos de Pós-Graduação, v. 6, n. 3, p. 77-89, mar. 2017. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/verbum/article/view/30354/22099>. Acesso em: dia/mês/ano.
quarta-feira, 2 de julho de 2025
Frederico Lima #34
"É, você, mesmo sem querer, foi me fazendo... me deixando entrar no seu mundo, e parece que eu entrei e esqueci de sair de lá, mesmo tímida, mesmo sabendo que essa timidez é uma autodefesa contra decepções, mas, também, a melhor desculpa para essa covardia, para esse medo que a gente tem de arriscar ser feliz. Você foi, mesmo sem querer, se tornando parte de mim; e eu, mesmo querendo, não pude fazer nada contra isso."
Do livro Garota Labirinto, de Frederico Lima
terça-feira, 1 de julho de 2025
Sigmund Freud #1
"Veja, então, qual é a sua própria parte na desordem a qual você se queixa?"
Do artigo "Fragmentos da análise de um caso de um caso de histeria ('Dora'), de Sigmund Freud
O que significa Imagem inconsciente do corpo para Françoise Dolto?
A imagem inconsciente do corpo constitui o conceito central e mais inovador da teoria psicanalítica de Françoise Dolto. Pode ser compreendida como uma estrutura psíquica profundamente enraizada e, diferente do conceito de imagem do corpo, é totalmente inconsciente, formada a partir das primeiras e mais fundamentais experiências relacionais do sujeito, especialmente aquelas com os cuidadores primários (geralmente a mãe e/ou o pai, bem como figuras que exerçam essas funções na subjetividade arcaica infantil).
Diferente do esquema corporal (que é universal para a espécie e ligado às funções biológicas), a imagem inconsciente do corpo possui caráter singular para cada indivíduo, pois é forjada na história particular de suas relações e na forma como o desejo do outro se inscreve no corpo da criança, portanto, uma experiência que, mesmo vivenciada por indivíduos que compartilham um mesmo contexto familiar, nunca será erigida da mesmo forma no processo de desenvolvimentos psicossexual, que é único para cada sujeito.
Podemos citar as seguintes características como sendo essenciais da imagem inconsciente do corpo:
Encarnação simbólica do sujeito desejante: É a forma como o desejo, as fantasias e os conflitos internos se manifestam e se organizam no psiquismo através do corpo. Ela não é uma mera representação, mas uma vivência do corpo enquanto lugar de ser e de relação;
Profundamente relacional: Forma-se a partir da comunicação e das interações com os outros, especialmente na fase inicial da vida, onde o corpo do bebê é lido e investido de significados pelos pais. As castrações simbolígenas (as operações simbólicas que moldam o sujeito, como o desmame ou o controle dos esfíncteres) são cruciais para sua estruturação;
Inconsciente: Não é acessível diretamente à consciência, mas se expressa de diversas formas: através do discurso (mesmo que indiretamente, em metáforas, lapsos), dos sintomas corporais (psicossomáticos), dos sonhos, dos desenhos, da forma como a pessoa se move e interage com o mundo;
Dinâmica e viva: Embora seja estruturante, ela não é fixa. Está em constante processo de elaboração e transformação ao longo da vida, principalmente em resposta a novas experiências relacionais e a processos simbólicos;
Substrato da linguagem: Para Dolto, a imagem inconsciente do corpo é o que permite ao ser humano entrar no universo da linguagem e da simbolização. É a base para a comunicação e para a constituição do sujeito.
Desarte, a imagem do corpo é o que se vê, se percebe e se apresenta do corpo no mundo, ao passo que a imagem inconsciente do corpo é a estrutura psíquica profunda que sustenta e organiza a relação do sujeito com seu próprio ser, seu desejo e sua capacidade de se inserir na linguagem e no mundo das relações humanas. Nesse sentido, Dolto enfatiza que a imagem refletida no espelho (uma forma de imagem do corpo) é apenas um dos estímulos que contribuem para a modelagem da imagem inconsciente do corpo, que é muito mais abrangente e fundamental.
Como referenciar esta postagem:
O QUE SIGNIFICA IMAGEM INCONSCIENTE DO CORPO PARA FRANÇOISE DOLTO? In: LIMA, Frederico, 2025. Disponível em: <https://www.fredericolima.com.br/2025/07/o-que-significa-imagem-inconsciente-do.html>. Acesso em: dia/mês/ano.
O que significa Imagem do corpo para Françoise Dolto?

Na teoria psicanalítica desenvolvida por Françoise Dolto, a imagem do corpo, numa visão mais generalista, refere-se à representação que cada indivíduo possui em relação ao seu próprio corpo. É a forma como nos percebemos fisicamente, incluindo aspectos como nossa aparência, tamanho, forma e como nos sentimos em relação a essas características. Por compreender uma percepção mais externa em relação ao corpo, essa imagem é construída no decorrer do amadurecimento corporal humano, isto é, ao longo da vida do sujeito, sendo influenciada por aspectos como:
Experiências sensoriais e perceptivas: Como percebemos nosso corpo através dos sentidos (visão, tato, paladar etc.);
Interações sociais: Como os outros nos veem, os comentários que recebemos sobre nossa aparência e como introjetamos essas influências;
Idealizações culturais: Padrões de beleza e de corpo estabelecidos e difundidos cuturalmente.
Esquema corporal: A representação neurológica e funcional do corpo no espaço, que nos permite realizar movimentos e interagir com o ambiente. Embora relacionado, o esquema corporal é mais uma ferramenta biológica para a ação, enquanto a imagem do corpo é mais complexa e subjetiva.
A imagem do corpo pode ser mais ou menos consciente, e pode mudar ao longo do tempo, influenciada por inúmeros fatores internos e externos como a idade, doenças, mudanças de peso, aspectos culturais etc.
Como referenciar esta postagem:
O QUE SIGNIFICA IMAGEM DO CORPO PARA FRANÇOISE DOLTO? In: LIMA, Frederico, 2025. Disponível em: <https://www.fredericolima.com.br/2025/07/o-que-significa-imagem-do-corpo-para.html>. Acesso em: dia/mês/ano.
segunda-feira, 30 de junho de 2025
Frederico Lima #33
"Eu não teria me apaixonado assim, desse jeito, se você tivesse ficado na sua, não sorrisse nem olhasse pra mim. Eu teria ficado bem se você não me desse bola, não falasse comigo, não se importasse com minha existência, não me desse “Oi!”. E, quem sabe, se você não gostasse das mesmas coisas que eu, mas você é tão do contra, que resolveu me tocar bem lá no fundo, mesmo sem, ao menos, encostar em mim. E eu, de boba, fui me acostumando com o teu cheiro de Malbec, com tua voz, com teu sorriso, mesmo que fosse te admirando de longe, por causa dessa minha maldita timidez. Maldita, bendita, nem sei, até porque esse meu jeito acanhado, sempre na minha, já me livrou, provavelmente, de ter me decepcionado com caras que não valeriam a pena, de ter acreditado em sentimentos artificiais, esses que duram até a primeira briga."
Do livro Garota Labirinto, de Frederico Lima
domingo, 29 de junho de 2025
"Os Arruinados pelo êxito" (1916)
"O trabalho psicanalítico proporcionou-nos a tese segundo a qual as pessoas adoecem de neurose como resultado de frustração. Referimo-nos à frustração da satisfação de seus desejos libidinais, fazendo-se necessária uma digressão a fim de tornarmos a tese inteligível. Para que uma neurose seja gerada, deve haver um conflito entre os desejos libidinais de uma pessoa e a parte de sua personalidade que denominamos de ego, que é a expressão do seu instinto de autopreservação e que também abrange os ideais de sua personalidade. Um conflito patogênico dessa espécie só ocorre quando a libido tenta seguir caminhos e objetivos que o ego de há muito superou e condenou e, portanto, proibiu para sempre, e isso a libido só faz se for privada da possibilidade de uma satisfação ego-sintônica ideal. Por isso, a privação, a frustração de uma satisfação real, é a primeira condição para a geração de uma neurose, embora, na verdade, esteja longe de ser a única.
Parece ainda mais surpreendente, e na realidade atordoante, quando, na qualidade de médico, se faz a descoberta de que as pessoas ocasionalmente adoecem precisamente no momento em que um desejo profundamente enraizado e de há muito alimentado atinge a realização. Então, é como se elas não fossem capazes de tolerar sua felicidade, pois não pode haver dúvida de que existe uma ligação causal entre seu êxito e o fato de adoecerem."
Do texto "Os Arruinados pelo êxito", de Sigmund Freud (1916)
sábado, 28 de junho de 2025
Frederico Lima #32
"Espero que você possa entender, e até mesmo destruir, alguns dos meus medos mais bobos e infantis. Espero que você consiga perceber que eu tenho medo de perder tudo aquilo que eu amo, mas que sou orgulhosa demais para admitir. É que eu cansei de correr atrás de quem não me quis, e isso me fez ficar assim, meio receosa, cismada demais. E, por favor, perceba isso por conta própria, pois eu nunca direi para você."
Do livro Garota Labirinto, de Frederico Lima
quinta-feira, 26 de junho de 2025
Frederico Lima #31
"Admito, eu sou frágil em tentar ser forte. Tento não chorar, mas nem sempre eu consigo. É que na minha estrutura de quebra-cabeça faltam alguns pedaços, e esses pedaços me fazem ser assim, incompleto. E nessa minha incompletude diária, eu tento preencher o vazio, quase sempre, com pedaços que não se encaixam direito, por isso eu sofro, por isso eu choro, e é por isso que nós amamos, porque tentamos nos encaixar nos espaços vazios dos outros, buscando preencher os nossos."
Do livro Garota Labirinto, de Frederico Lima
terça-feira, 20 de maio de 2025
O que significa pré-genital (prãgenital) para a psicanálise?
Para a psicanálise, o adjetivo "pré-genital" qualifica uma variedade de fenômenos psíquicos, incluindo pulsões, organizações libidinais e fixações, que caracterizam os estágios iniciais do desenvolvimento psicossexual, anteriores ao estabelecimento da primazia da zona genital. Durante esse período, que compreende as fases oral, anal e de latência, o investimento libidinal se concentra em zonas erógenas distintas dos órgãos genitais.
A compreensão do período pré-genital é fundamental na teoria psicanalítica, pois as experiências e as possíveis fixações nessas fases iniciais podem influenciar significativamente a formação da personalidade e a predisposição a certas neuroses na vida adulta. A análise das características pré-genitais em um paciente pode fornecer insights valiosos sobre conflitos psíquicos subjacentes e padrões de relacionamento.
quinta-feira, 8 de maio de 2025
O que significa Reparação (Wiedergutmachung) para a psicanálise?
O conceito de Reparação, central na teoria psicanalítica de Melanie Klein (1882-1960), descreve o esforço psíquico do indivíduo no sentido de restituir e "curar" o objeto amado dos danos imaginários infligidos por suas próprias fantasias destrutivas. Segundo Klein, na dinâmica psíquica primitiva, o indivíduo vivencia impulsos agressivos e destrutivos direcionados ao objeto primário, geralmente a figura materna. Essas fantasias de ataque geram no sujeito sentimentos de angústia e culpa depressiva, relacionados à percepção (fantasiada) de ter prejudicado o objeto essencial para sua sobrevivência emocional e física.
O mecanismo de Reparação surge como uma tentativa de aliviar essa angústia e culpa. Através de um esforço inconsciente, o indivíduo busca reconstruir e reparar o objeto materno, tanto em sua representação interna (o objeto internalizado) quanto em sua realidade externa. Esse processo reparatório fantasístico é crucial para a elaboração bem-sucedida da posição depressiva, um estágio do desenvolvimento psíquico kleiniano caracterizado pela integração do objeto bom e mau em um todo e pela capacidade de sentir preocupação pelo outro.
O sucesso da Reparação fantasística permite ao ego estabelecer uma identificação mais estável com o objeto benéfico, internalizando suas qualidades positivas e fortalecendo a sensação de segurança interna. Em outras palavras, ao reparar o objeto na fantasia, o indivíduo experiencia um alívio da culpa e fortalece sua relação interna com um objeto amado e não danificado, contribuindo para a integração do ego e a capacidade de amar e se importar com os outros de forma mais plena e realista.
Em suma, a Reparação kleiniana não se limita a um mero ato de "consertar" o dano imaginário, mas representa um processo psíquico fundamental para o desenvolvimento emocional saudável, envolvendo a elaboração da agressividade, a internalização de um objeto bom e a capacidade de sentir responsabilidade e cuidado pelo outro.
quarta-feira, 7 de maio de 2025
Colóquio Cecília Meireles e Lúcio Cardoso
A alma errante e fugidia do eu lírico encontra na noite escura o (pre)texto para (re)mover a pena. Num processo de eterno retorno Nietzscheano, alucina palavras de in(confidência) em estrutura introspectiva e em atmosfera política. O não-estar e o não-pertencer permitem romper um pesadelo estrutural de modelos (im)postos para explorar o psíquico e o moral. As indagações metafísicas, sociais e intimistas nas escritas de Lúcio Cardoso e Cecília Meireles brincam com a lógica por meio de estruturas simbólicas, ritmos e métricas. Às vésperas do mês dos namorados, oferecemos à Comunidade Acadêmica desfrutar "as mãos da noite quebrando os talos do pensamento."
O LIGEPSI (Grupo de Pesquisa em Literatura, Gênero e Psicanálise da UFPB), em parceria com o Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, o Programa de Pós-Graduação em Letras, o Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, e o Laboratório de Estudos Literários e Psicanalíticos, realizará, no dia 28 de maio de 2025, o Colóquio Cecília Meireles e Lúcio Cardoso, evento que será promovido na modalidade híbrida (on-line e presencial), com vistas a homenagear a literatura intimista de dois dos maiores nomes da escrita ficcional brasileira, Cecília Meireles e Lúcio Cardoso.
A inscrição no Colóquio é gratuita para todas as atividades: palestras, mesas-redondas e simpósios temáticos (para apresentação de trabalhos na modalidade comunicação oral), com emissão de certificação para apresentadores e ouvintes, além da publicação, em formato e-book, dos trabalhos apresentados.
O que significa Interpretação (Deutung) para a psicanálise?
O termo "interpretação", traduzido da expressão alemã deutung, embora extraído do vocabulário comum, adquire uma profundidade singular no contexto psicanalítico, notavelmente a partir da obra seminal de Sigmund Freud, A Interpretação dos Sonhos, alçada pelo neurologista como sendo a fundadora da sua psicoterapia. Nela, Freud estabelece a interpretação como a ferramenta metodológica central através da qual a psicanálise busca desvelar o significado subjacente, o conteúdo latente do sonho. O objetivo primordial desse esforço de decifração é trazer à luz o desejo inconsciente que se disfarça nas intrincadas narrativas oníricas de um sujeito.
Expandindo essa concepção original, o termo "interpretação" na psicanálise abrange qualquer intervenção clínica que tenha como meta auxiliar o analisando a apreender a significação inconsciente que permeia seus atos, seus discursos e suas angústias. Essa busca por compreensão não se restringe ao domínio dos sonhos, estendendo-se a diversas manifestações do inconsciente que irrompem na experiência consciente. Assim, a interpretação se aplica à análise de um dito aparentemente casual, de um lapso de linguagem revelador, de um ato falho que fornece indícios de uma intenção oculta, das resistências que obstaculizam o processo analítico, e dos intrincados fenômenos da transferência, onde padrões relacionais inconscientes são reeditados na relação terapêutica.
Em essência, a interpretação psicanalítica não se limita a uma mera tradução literal, mas envolve um processo complexo de escuta atenta, de estabelecimento de associações e de construção de sentido, sempre levando em consideração a singularidade da história e da dinâmica psíquica de cada indivíduo. Através da interpretação, o analista busca oferecer ao analisando elementos que possibilitem um novo olhar sobre seu próprio funcionamento psíquico, promovendo um maior autoconhecimento e a possibilidade de elaboração dos seus conflitos inconscientes.
domingo, 27 de abril de 2025
O que é Conteúdo Latente (latenter Inhalt)?
O conceito de Conteúdo Latente foi desenvolvido como uma chave fundamental para desvendar os enigmas do inconsciente, especialmente no domínio onírico. Ele representa o núcleo de significações ocultas que a análise busca desenterrar por trás da superfície manifesta de uma produção inconsciente, notavelmente o sonho.
Inicialmente, o sonho se apresenta como uma narrativa visual, um fluxo aparentemente desconexo de imagens e eventos, denominado por Freud de Conteúdo Manifesto. Contudo, a lente da análise psicanalítica busca penetrar essa fachada, revelando que essa "história" imagética é, na verdade, uma elaboração, uma espécie de disfarce que protege o indivíduo do impacto direto de seus desejos e impulsos mais profundos.
Ao ser decifrado através do trabalho analítico, mediante técnicas como a livre associação e a interpretação dos símbolos, o sonho passa por uma metamorfose radical. Ele deixa de ser uma mera sequência de imagens disformes e sem uma aparente significação para se revelar como uma intrincada organização de pensamentos, um discurso carregado de significado. Essa transformação revela que, subjacente à narrativa onírica, reside a expressão condensada e deslocada de um ou múltiplos desejos inconscientes.
O Conteúdo Latente para Freud, portanto, é o verdadeiro cerne do sonho, a realização disfarçada de um desejo. Ele nos permite acessar as dinâmicas psíquicas subjacentes, as motivações ocultas e os conflitos internos que moldam nossa experiência consciente. Compreender o Conteúdo Latente é essencial para a psicanálise, pois oferece um caminho privilegiado para a compreensão da arquitetura do inconsciente e para o processo terapêutico de trazer à luz e integrar conteúdos psíquicos outrora inacessíveis.
sábado, 19 de abril de 2025
O que é Estádio do Espelho?
O conceito de estádio do espelho, idealizado por Jacques Lacan, em 1936 (e posteriormente desenvolvido em seus seminários), transcende a mera identificação infantil com a própria imagem refletida ou com a imagem de outro semelhante. Ele se configura como um momento crucial na gênese do eu (o moi lacaniano), marcando a emergência de uma primeira forma de identidade e a fundação da relação do sujeito com o Outro.
No período compreendido aproximadamente entre os seis e dezoito meses de idade – uma fase de relativa imaturidade motora e dependência do cuidado alheio –, a criança vivencia uma experiência fundamental ao se deparar com sua imagem no espelho ou com a imagem de outra criança. Essa imagem, percebida como um todo unificado e dotado de domínio motor, contrasta fortemente com a experiência fragmentada e descoordenada que o bebê tem do próprio corpo, ainda permeado por sensações corporais dispersas e pela ausência de controle pleno sobre seus movimentos.
Acontece então um processo de identificação alienante. A criança, ao se reconhecer nessa imagem especular, introjeta-a como um ideal de totalidade e domínio. Essa identificação não é um reconhecimento no sentido pleno, mas sim uma assimilação imaginária dessa forma unificada como sendo o seu próprio eu idealizado. Em outras palavras, a criança se vê no espelho como um "outro" que ela aspira ser, estabelecendo uma primeira matriz de identificação que moldará sua futura relação com sua própria imagem corporal e com os outros.
É importante ressaltar que o "semelhante" mencionado no texto não se limita apenas a outra criança. Ele engloba também a figura materna (ou o cuidador primário), cujo olhar funciona como um "espelho" primordial, devolvendo ao bebê uma imagem de si e sancionando sua existência. O desejo do Outro materno precede e estrutura o desejo do sujeito.
O estágio do espelho, portanto, não é apenas um evento passageiro no desenvolvimento infantil, mas sim um momento estruturante com consequências duradouras para a constituição psíquica do sujeito. Ele inaugura a ordem imaginária, um dos três registros fundamentais da teoria lacaniana (juntamente com o simbólico e o real). No imaginário, o sujeito se relaciona com o mundo e com os outros através de identificações e ilusões de completude, buscando incessantemente reencontrar a unidade primordial vislumbrada no espelho.
Essa primeira identificação alienante com a imagem especular lança as bases para a formação do ego, essa instância psíquica marcada por identificações imaginárias e pela ilusão de autonomia e controle. Contudo, essa unidade é sempre, em sua origem, alienada, dependente do reconhecimento do Outro.
Em suma, o estágio do espelho é um momento dialético crucial onde a criança, confrontada com uma imagem de totalidade, antecipa imaginariamente a unidade de seu corpo, fundando o "eu" como uma instância marcada pela identificação com o Outro e pela busca incessante por uma completude ilusória. Essa experiência primordial deixa um legado duradouro na estrutura psíquica, influenciando a forma como o sujeito se percebe, se relaciona com os outros e se situa no mundo. As variações terminológicas em português ("estágio do espelho" e "fase do espelho") apenas reforçam a centralidade desse conceito na compreensão do desenvolvimento subjetivo.
segunda-feira, 14 de abril de 2025
O que é Elaboração (Durcharbeitung)?
A elaboração, termo introduzido no léxico psicanalítico em 1967, por Jean Laplanche e Jean-Bertrand Pontalis, designa um processo fundamental e intrínseco ao tratamento analítico: o trabalho psíquico inconsciente. O termo perlaboração (perlaboration em francês) foi desenvolvido pelos psicanalistas como uma forma de tentar traduzir a riqueza semântica do verbo alemão durcharbeiten, empregado por Sigmund Freud para descrever essa modalidade específica de atuação do inconsciente no contexto da análise.
Conquanto o fundador da psicanálise não tenha formalizado durcharbeiten como um conceito estruturado em sua teoria, Laplanche e Pontalis reconheceram sua importância clínica, elevando-o a essa categoria. A perlaboração (algo como "elaboração inconsciente") emerge como o motor essencial para a integração de uma interpretação pelo analisando. Através desse trabalho contínuo e muitas vezes árduo, o sujeito é capaz de contornar e dissolver as resistências que inevitavelmente se manifestam diante da emergência de conteúdos inconscientes.
Na tradução para a língua inglesa, a complexidade de durcharbeiten foi capturada pela expressão working through (literalmente, "trabalhar através"), que evoca a ideia de um processo ativo e gradual de internalização e superação. O processo de elaboração, portanto, não se limita à mera recepção intelectual da interpretação, mas implica um trabalho de apropriação psíquica, no qual o material inconsciente é repetidamente revisitado, ressignificado e integrado à história e à estrutura do sujeito, promovendo uma mudança psíquica duradoura.
sábado, 12 de abril de 2025
O que são Mecanismos de defesa?
Em psicanálise, os mecanismos de defesa são estratégias psicológicas inconscientes que o ego utiliza para se proteger da ansiedade e de sentimentos dolorosos ou inaceitáveis. Eles distorcem a realidade para minimizar o conflito entre as pulsões do id (desejos primitivos), as exigências do superego (consciência moral internalizada) e as restrições do mundo externo.
Em outras palavras, quando o indivíduo se depara com pensamentos, sentimentos, impulsos ou situações que causam desconforto psíquico, os mecanismos de defesa são acionados para reduzir essa angústia e manter o equilíbrio psíquico.
É importante notar que os mecanismos de defesa são considerados normais e até necessários para a saúde mental em certas situações. No entanto, o uso excessivo ou rígido de um ou mais mecanismos pode levar a padrões de comportamento disfuncionais e até mesmo a transtornos psicológicos.
Alguns dos principais mecanismos de defesa descritos pela psicanálise incluem:
Recalcamento (ou Repressão): Exclusão de pensamentos, sentimentos ou memórias inaceitáveis da consciência para o inconsciente. É considerado o mecanismo de defesa fundamental;
Negação: Recusa em aceitar a realidade de uma situação dolorosa ou ameaçadora;
Projeção: Atribuição de sentimentos, desejos ou características inaceitáveis do próprio indivíduo a outra pessoa;
Formação Reativa: Expressar o oposto do que realmente se sente, muitas vezes de forma exagerada;
Regressão: Retorno a um estágio anterior de desenvolvimento em resposta ao estresse;
Deslocamento: Transferência de sentimentos ou impulsos de um objeto ameaçador para um objeto menos ameaçador;
Racionalização: Criação de explicações lógicas e aceitáveis para comportamentos ou sentimentos inaceitáveis;
Sublimação: Canalização de impulsos inaceitáveis para atividades socialmente aceitas e valorizadas;
Intelectualização: Abordar situações emocionalmente carregadas de forma excessivamente racional e distante, focando nos fatos e na lógica para evitar o sentimento.
Conquanto Sigmund Freud tenha sido o pioneiro na introdução do conceito de mecanismos de defesa na psicanálise, foi sua filha, Anna Freud, quem se tornou a grande estudiosa e sistematizadora desses processos.
Em seu livro seminal de 1936, O Ego e os Mecanismos de Defesa, Anna Freud expandiu e organizou as ideias do pai, descrevendo com detalhes diversos mecanismos de defesa e explorando o papel do ego na sua utilização para lidar com a ansiedade e os conflitos psíquicos.
Enquanto Sigmund Freud focou mais nos mecanismos de defesa relacionados à repressão das pulsões do id, Anna Freud dedicou-se a observar como o ego se defende de uma gama mais ampla de ameaças, incluindo as exigências do superego e a realidade externa. Ela também introduziu novos mecanismos de defesa, como a sublimação, o deslocamento, a negação e a identificação com o agressor.
Portanto, embora Sigmund Freud tenha lançado as bases para a compreensão dos mecanismos de defesa, Anna Freud é amplamente reconhecida como a grande estudiosa que aprofundou, expandiu e sistematizou esse importante aspecto da teoria psicanalítica. Sua obra continua sendo uma referência fundamental para o estudo e a prática da psicanálise.
quinta-feira, 10 de abril de 2025
Frederico Lima #37
"Decepções são inevitáveis, pois, mesmo que conheçamos alguém há muito tempo, ninguém consegue ser para o outro tudo aquilo que ele idealiza/demanda. Mas conseguimos minimizar as chances de nos decepcionarmos quando tratamos o nosso coração como solo sagrado, só permitindo estar dentro dele quem o considera como tal, respeitando e tendo fé naquilo que sentimos, porque sem fé não há propósito, e sem propósito nada floresce."
Frederico Lima
Colóquio - A poética da Natureza: animais, plantas e paisagens na Literatura
O Grupo de Pesquisa em Literatura, Gênero e Psicanálise (LIGEPSI-UFPB) promoverá, no dia 24 de setembro de 2025, no auditório 411 do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA-UFPB), o Colóquio: A poética da Natureza: animais, plantas e paisagens na Literatura, evento em que se pretende discutir os registros literários que testemunham a relação do ser humano com a natureza, o qual contará com palestras, mesas-redondas e simpósios temáticos (comunicações orais).
As inscrições nas modalidades Ouvinte e Apresentação de trabalho em simpósio temático, via portal de eventos da Universidade Federal da Paraíba (Sigeventos UFPB), são gratuitas e os trabalhos apresentados poderão ser publicados em e-book. Endereço: https://sigeventos.ufpb.br/eventos/login.xhtml
O que é Associação Livre (Freie Assoziation)?
O método de Associação Livre, proposto por Sigmund Freud, é uma técnica fundamental e considerada a "pedra angular" da psicanálise. Essencialmente, consiste na expressão indiscriminada de todos os pensamentos, sentimentos, imagens, memórias e ideias que ocorrem à sua mente, sem qualquer forma de censura, seleção lógica ou julgamento por parte do paciente ou analista.
A técnica vou desenvolvida por Freud como forma de substituir a hipnose, ao passo em que percebeu na fala espontânea dos pacientes, mesmo aparentemente desconexa, a existência de pistas valiosas sobre o funcionamento do inconsciente. Ele observou que, ao suspender a indução hipnótica dos pensamentos, conteúdos reprimidos, desejos ocultos e conflitos psíquicos, eles tendiam a emergir através dessas associações aparentemente aleatórias.
Os principais aspectos do método de Associação Livre, segundo Freud, incluem:
Ausência de Censura: O paciente é encorajado a dizer tudo o que lhe vem à cabeça, por mais irrelevante, tolo, doloroso, vergonhoso ou ilógico que possa parecer. A suspensão da autocrítica é crucial para permitir que o inconsciente se manifeste sem filtros;
Espontaneidade: O fluxo de pensamentos deve ser o mais espontâneo possível, seguindo as conexões que naturalmente se formam na mente do paciente. Não há necessidade de forçar associações ou tentar encontrar uma lógica imediata;
Interpretação: O trabalho do analista envolve a interpretação dessas associações e das resistências, ajudando o paciente a tomar consciência dos conflitos inconscientes que estão na raiz de seus problemas;
Material para Análise: O material produzido pela associação livre (palavras, frases, lapsos de linguagem, hesitações, repetições, temas recorrentes) torna-se o principal foco da análise. O analista, com sua "atenção flutuante", busca identificar padrões, simbolismos e significados latentes nessas associações;
Partida de um Estímulo ou Livremente: As associações podem surgir a partir de um elemento dado pelo analista (uma palavra, uma imagem de sonho, um número, etc.) ou de forma completamente espontânea, sem um ponto de partida externo definido;
Resistência: Freud também observou que, frequentemente, os pacientes encontram dificuldades em seguir a regra da associação livre, apresentando hesitações, bloqueios ou mudanças de assunto. Essas resistências são consideradas importantes indicadores dos pontos onde conteúdos inconscientes significativos estão sendo evitados;
Revelação do Inconsciente: Freud acreditava que a associação livre era a "via régia" para o inconsciente. As conexões entre os pensamentos aparentemente desconexos revelam as intrincadas relações entre os conteúdos psíquicos reprimidos e os sintomas ou dificuldades do paciente.
quarta-feira, 9 de abril de 2025
Frederico Lima #2
"No fundo, no fundo, tudo aquilo que nos incomoda nos outros diz muito mais sobre nós do que deles."
— Frederico Lima
Frederico Lima #3
“Estranho é a vida ser tão curta e, mesmo assim, uma vez ou outra, fazer com que a gente enfrente algumas madrugadas tão longas.”
Frederico Lima
terça-feira, 8 de abril de 2025
O que são Zonas Erógenas?
Sigmund Freud revolucionou a compreensão da sexualidade ao introduzir o conceito de zonas erógenas, que já apresenta seus primeiras formulações em diálogos presentes nas correspondências trocadas com W. Fliess, precisamente nas de 6-12-1896 e de 14-11-1897, e, posteriormente, melhor desenvolvido nos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Em sua visão, a sexualidade não se restringia aos órgãos genitais, mas permeava todo o corpo, desde a infância. Ele definiu uma zona erógena como qualquer região do revestimento cutâneo-mucoso suscetível de se tornar sede de uma excitação de tipo sexual. Essa definição abrangente deslocava o foco da sexualidade puramente genital para uma perspectiva mais ampla e corporal.
Mais especificamente, Freud identificou certas regiões que funcionalmente atuavam como sedes privilegiadas dessa excitação. Essas áreas, embora possuam funções primárias não sexuais, tornam-se carregadas de significado erótico através das experiências e interações do indivíduo. As principais zonas erógenas especificadas por Freud incluem:
1. Zona Oral: A boca, os lábios e a língua são as primeiras zonas de prazer para o bebê, inicialmente ligadas à nutrição através da amamentação. A sucção, a deglutição e o contato labial com o seio materno (ou substitutos) proporcionam não apenas a satisfação da fome, mas também um prazer autoerótico fundamental. Essa fase oral, que se estende aproximadamente do nascimento até cerca de um ano e meio, deixa marcas importantes no desenvolvimento psíquico e pode influenciar comportamentos futuros relacionados à oralidade, como alimentação, fala e vícios.
2. Zona Anal: Por volta do segundo ano de vida, a atenção libidinal se desloca para a região anal e uretral. A capacidade de controlar os esfíncteres durante o treinamento para o uso do banheiro torna-se uma fonte de prazer e poder para a criança. A retenção e a expulsão das fezes podem ser vivenciadas com excitação. Essa fase anal está associada a temas de controle, organização e possessividade, que podem se manifestar em traços de personalidade na vida adulta.
3. Zona Uretro-Genital: A partir da fase fálica, que se inicia por volta dos três anos, os órgãos genitais (pênis no menino e clitóris na menina) assumem um papel central como fonte de prazer. A manipulação dessas áreas e a curiosidade em relação às diferenças sexuais são características dessa fase. A zona uretral também está ligada à micção, que pode ser acompanhada de sensações prazerosas. Essa fase é crucial para o desenvolvimento da identidade sexual e para o surgimento do Complexo de Édipo.
4. Mamilos: Embora não sejam tradicionalmente classificados como parte das fases psicossexuais em si, os mamilos são reconhecidos por Freud como zonas erógenas importantes. Sua sensibilidade ao toque e à sucção, observada desde a amamentação, pode persistir ao longo da vida e desempenhar um papel significativo na excitação sexual em ambos os sexos. A estimulação dos mamilos pode evocar memórias e sensações da primeira infância, ligadas ao prazer da nutrição e ao contato com a figura materna.
É importante ressaltar que, para Freud, a erogeneidade não se limita a essas zonas específicas. Ele posteriormente ampliou sua visão, sugerindo que todas as partes do corpo possuem o potencial de se tornar zonas erógenas através de associações psíquicas e experiências individuais. O toque, o olhar, o som e até mesmo a imaginação podem carregar uma carga erótica e despertar excitação em diferentes áreas do corpo.
A noção de zonas erógenas de Freud é fundamental para compreender sua teoria da sexualidade infantil e o desenvolvimento psicossexual. Ela demonstra que a sexualidade é uma força presente desde o nascimento, buscando prazer em diversas partes do corpo antes de se concentrar na genitalidade na fase adulta. Além disso, essa perspectiva desafia a visão restrita da sexualidade ligada apenas à reprodução, abrindo caminho para uma compreensão mais complexa e abrangente do desejo e do prazer humano. As experiências vividas nessas diferentes zonas erógenas ao longo da infância moldam a personalidade e podem influenciar a vida sexual adulta, tanto em sua normalidade quanto em suas possíveis fixações e desvios.
Frederico Lima #5
"Cada pessoa é, simplesmente, o que é. As decepções representam o resultado dos excessos que colocamos sobre cada uma delas. E é por isto que sofremos tanto: porque, inconscientemente, projetamos nos outros aquilo que queremos, em vez de enxergá-los como realmente são."
— Frederico Lima
Frederico Lima #4
“Sobre as questões de dentro, quase sempre incompreensíveis, pouquíssimo pode ser tocado pela razão. É por isso que, diante de um amor inesperado, sempre haverá essa guerra interna com gosto agridoce, onde uma parte sua reclamará liberdade irrestrita, enquanto a outra te fará experimentar uma estranha e imensa vontade de pertencer a alguém.”
Frederico Lima
segunda-feira, 7 de abril de 2025
O que é Bissexualidade (Bisexualitàt)?
A noção de bissexualidade, introduzida por Freud na psicanálise a partir da influência de Wilhelm Fliess, sugere que todo ser humano possui, desde o nascimento, disposições sexuais tanto masculinas quanto femininas. Essas disposições não se referem apenas à atração sexual, mas também a traços de personalidade, comportamentos e identificações que são tradicionalmente associados a cada gênero, os quais tomam um rumo distintivo mediante as influências afetivas, traumáticas, culturais etc.
Para o pai da psicanálise, a bissexualidade é uma característica universal e inata, presente em todos os indivíduos, mas que, durante o desenvolvimento psicossexual, essa disposição bissexual entra em conflito com as pressões sociais e culturais que exigem a adoção específica de um desses papeis, movimento que acaba por moldar a identidade sexual e de gênero do indivíduo.
Um dos contextos mais importantes para a resolução desses conflitos é aquele em que se institui o complexo de Édipo, um dos conceitos centrais da teoria freudiana, já que, durante essa fase, a criança experimenta desejos sexuais e sentimentos de rivalidade em relação aos pais, o que a leva a identificar-se com o genitor do mesmo sexo e a internalizar os papéis de gênero, isto é, a forma como o complexo edípico é resolvido influencia a expressão da bissexualidade na vida adulta.
Frederico Lima #6
“Dói. Dói sim. Mas a verdade é que algumas pessoas não nasceram para ficar fisicamente juntas, embora o encontro de suas almas tenha se tornado inesquecível.”
Frederico Lima
domingo, 6 de abril de 2025
Garota Labirinto #1
“Você não precisa tentar ser perfeita para uma pessoa que, provavelmente, não é e nunca será perfeita para você. Ser o que você é naturalmente já será suficiente, desde que você esteja bem consigo mesma e com os seus ‘defeitos’. Ser o que você é, minha amiga, é a coisa mais sexy que existe.”
No livro Garota Labirinto, de Frederico Lima
Frederico Lima #7
“Já pensou que poderíamos trocar meses cortados de dor e insegurança por apenas alguns horas de estranhamentos logo esclarecidos? Eu já pensei. Na verdade, penso sempre. Só não sei o porquê de ainda não conseguir colocar em prática. Talvez por esperar o mesmo de você, que também nunca dá o braço a torcer; talvez por imaginar que isso seria aceitar os teus erros, mesmo que você também estivesse aceitando os meus; talvez por ainda ser muito nova para viver um sentimento tão forte (como minha mãe está cansada de dizer); ou talvez por tudo isso junto, afinal, sou cheia de insegurança, sempre fui.”
Frederico Lima
sábado, 5 de abril de 2025
III Congresso Nacional sobre o Mal na Literatura
Entre os dias 21 e 25 de abril de 2025, ocorrerá o III Congresso Nacional sobre o Mal na Literatura, evento híbrido (com atividades presenciais e virtuais) promovido pelo Grupo de Pesquisa em Literatura, Gênero e Psicanálise (LIGEPSI-UFPB), que tem como objetivo promover pesquisas e discussões sobre as múltiplas representações do mal na literatura e em outras expressões artísticas, de modo a vislumbramos como tais linguagens nos auxiliam na compreensão de certos fenômenos na cultura.
Evento, que é totalmente gratuito, contará com palestras, simpósios, mesas-redondas e minicursos. Os trabalhos apresentados poderão ser submetidos e publicados, posteriormente, em e-book.
As inscrições para ouvintes e para apresentação de trabalhos vão até o dia 15 de abril de 2025, através da plataforma de eventos da Universidade Federal da Paraíba: https://sigeventos.ufpb.br/eventos/
Para mais informações, acessem o site oficial do evento em: https://sites.google.com/view/iiiconmal/
sexta-feira, 4 de abril de 2025
O que é Princípio de Realidade?
O princípio de realidade compõe, ao lado do princípio de prazer, o esquema que rege o funcionamento mental. O princípio de realidade atua sobre o princípio de prazer, modificando-o na medida em que representa a capacidade de adiar a gratificação imediata em prol de objetivos a longo prazo, considerando as restrições impostas pelo mundo externo, diferente do princípio de prazer, cujo objetivo é a obtenção imediata e irrestrita de satisfação.
Pode ser encarado a partir de três perspectiva básicas: do ponto de vista econômico, o princípio de realidade funciona como uma espécie de conversor da energia livre (associada ao prazer imediato) em energia ligada (relacionada ao planejamento e à ação deliberada; do ponto de vista tópico, ele está diretamente interligado aos planos pré-consciente e consciente, na medida em que se conecta diretamente com o pensamento lógico e a percepção da realidade; do ponto de vista dinâmico, tende-se a acreditar que o princípio de realidade se baseia em um tipo específico de energia pulsional, predominantemente a serviço do ego, conhecido como pulsões do ego. Essas pulsões auxiliam o indivíduo a navegar pelas complexidades do ambiente externo, equilibrando desejos internos com as demandas da realidade.
Frederico Lima #8
“Nunca te disse, ou pelo menos ainda não te contei, mas eu já estou tão acostumada contigo, com esse sentimento agridoce, que o meu maior medo, de um tempo para cá, tem sido de te perder numa dessas nossas infantilidades. Só pensar nisso me dói muito mais do que todas as vezes em que olhei para trás e vi você ir embora para mais um das nossas semanas de separação. E tem doído muito ultimamente, como se fosse um aviso de que, por mais que gostemos um do outro, a falta de maturidade faz tudo ter prazo de validade.”
Frederico Lima
quinta-feira, 3 de abril de 2025
Frederico Lima #9
“Acontece que nós não podemos usar o amor de alguém como se ele fosse apenas um remédio para os nossos corações partidos. Amor usado sem reciprocidade não tem efeito, e quanto tem, fica sabendo, o prazo de validade é curto.”
Do livro Saudade é o vazio mais cheio de alguém, de Frederico Lima
quarta-feira, 2 de abril de 2025
Frederico Lima #10
“Amar não é voltar. Amar é nunca sair.”
Frederico Lima
terça-feira, 1 de abril de 2025
O que é Transferência?
sábado, 29 de março de 2025
O que é Ato falho (Fehlleistung)?
Ato falho é o resultado da ação "não intencional" do sujeito que, inconscientemente, faz menção a um determinado objeto/pessoa/coisa quando, na verdade, visava outro, ou seja, um resultado imprevisto. A primeira aparição do termo, em psicanálise, ocorreu na obra A interpretação dos sonhos, de 1900, na qual Freud atribui ao ato falho o valor de sintoma, já que a troca de um elemento em detrimento de outro corresponderia a uma tentativa do aparelho psíquico de estabelecer um resultado entre o compromisso do sujeito com a realidade (consciência) e as demandas do desejo (inconsciente).
Um exemplo de ato falho: Uma pessoa chama o atual companheiro pelo nome do ex., demonstrando que ainda há um conflito anímico no sentido de tentar alocar o novo companheiro na posição afetiva que fora de outro.
segunda-feira, 24 de março de 2025
O que é Princípio de Prazer?
Um dos dois princípios responsáveis pelo funcionamento do aparelho psíquico segundo Freud, o qual não foi o primeiro a postular a existência de uma tendência humana a buscar o prazer e evitar o desprazer, mas foi quem deu a essa perspectiva os contornos de uma teoria, especificamente quando estabeleceu, em sua obra Além do princípio do prazer, que tal concepção não se baseava no prazer e desprazer propriamente ditos, mas do acumulo e da dinâmica das pulsões, isto é, para Freud (1920), a psiquê humana trabalha mediante um modelo econômico das energias pulsionais, objetivando evitar o acúmulo de excitação, por meio do direcionamento das pulsões destinos possíveis, para que, com isso, os níveis de tenção possam permanecer em patamares moderados, consequentemente evitando o desprazer. Freud observa que o princípio de prazer seria o modelo que regeria a vida pulsional dos momentos iniciais da infância, em que o bebê seria orientado exclusivamente pela necessidade de buscar tudo aquilo que lhe fosse prazeroso e se afastar do que lhe causasse angústia, momento em que haveria uma vivência livre das pulsões.
domingo, 23 de março de 2025
Frederico Lima #11
"Sair de um relacionamento é das tarefas mais complicadas que existem, mesmo quando temos todos os motivos para ir. Mas acontece que a gente não pode ficar refém de uma relação sem futuro, afinal, quando um dos dois decide, de fato, terminar, é porque ele ou o outro já tinha começado a ir embora muito antes."
— Frederico Lima
Frederico Lima #12
"Ela é oito ou oitenta, é sim ou não, é para sempre ou adeus, pois, no mundo dela, não há espaço para “eu acho”, “talvez”, “pode ser”. No mundo dela, meu amigo, não existe meio-termo, meias palavras, muito menos meio sentimento."
— Frederico Lima
sábado, 22 de março de 2025
Frederico Lima #13
"Nem sempre será preciso sofrer para aprender o que é melhor para você, mas se, por acaso, sofrer bastante, guarde o ensinamento para sempre, pois ele não evitará que venham outros, mas fará com que aqueles que venham nunca doam com a mesma intensidade dos que já passaram."
Frederico Lima
Frederico Lima #14
"Não prolongue uma relação falida só porque ela carrega boas lembranças. Presente que se sustenta no passado, dificilmente, tem algum futuro."
— Frederico Lima
O que é Metapsicologia?
Metapsicologia foi um termo cunhado e utilizado inicialmente por Sigmund Freud para classificar a sua recém-fundada teoria da mente, a psicanálise, especificamente todos os fenômenos que se enquadravam, segundo o célebre psicanalista, nas manifestações psíquicas de âmbito tópico (como o próprio nome sugere, indica um lugar ou ponto estrutural, que, na teoria freudiana situa a divisão das suas famosas tópicas: a primeira, que divide o psiquismo em inconsciente, pré-consciente e consciente; e a segunda, que o divide em id, ego e superego), dinâmico (referente as pulsões, e suas interações e os conflitos inerentes) e econômico (relacionado ao fluxo da energia psíquica, a libido, os seus investimentos, deslocamentos e transformações). Costuma-se atribuir a determinação metapsicologia à parcela das obras e postulações freudianas que possuem um caráter mais especulativo, abstrato, ou seja, cujos registros não podem ser observados de forma empírica na clínica, estando mais atrelados às hipóteses sobre ao contexto mais profundo do funcionamento da psique humana.
Frederico Lima #15
"Ela é incrível, mas teve muitos amores errados e sofreu bastante com isso. Certa vez, eu a ouvi prometer para si mesma que não amaria mais. Só que dentro dela tem um coração meio bobo, não só cheio de cicatrizes, mas também de esperança, que, por alguém que demonstre um pouco mais de afeto, está sempre disposto a tentar amar outra vez."
— Frederico Lima
Frederico Lima #16
"Ela dizia que já tinha superado tudo, que nem se importava mais, mas, lá no fundo, bem no fundo mesmo, aquela era a maior mentira que contava para si mesma, pois ainda não conseguia entender que nem tudo fica, que nem tudo vale a pena e, sobretudo, que nem tudo consegue durar." — Frederico Lima
Frederico Lima #17
"Você pode ter todos os motivos do mundo para ficar correndo atrás de alguém. Só que, uma hora, você tem que entender que não adianta ficar correndo, se a outra pessoa não quer ter você por perto. Para que uma relação possa dar certo, você precisa sentir que o outro também quer estar contigo. Se ele não quer, não há reciprocidade; e relacionamento sem reciprocidade, lembre-se, é sofrer por dois. Ninguém merece isso." — Frederico Lima
Frederico Lima #18
sexta-feira, 21 de março de 2025
Frederico Lima #19
"Responsabilidade afetiva é entender que não basta apenas oferecer o ouvido quando te buscam para desabafos, e sim quando você entende que precisa, por conta própria, reservar um tempo para ouvir o que é dito sem palavras por aqueles que você ama. Basta um pouquinho de sensibilidade para perceber que as pessoas dizem tanto quando não dizem nada, e a gente, quase sempre, ignorando os silêncios."
Frederico Lima
Frederico Lima #20
"Você silencia para tentar se sentir melhor, mas, no final, a confusão continua aí, porque a boca cala, mas a alma não deixa de gritar."
— Frederico Lima
Frederico Lima #21
"Às vezes o erro não está em pedirmos algo para alguém, mas para quem pedimos. Não tem como receber doçura da água do oceano e, por mais que haja exceções, é difícil receber amor de quem nunca se dispôs a oferecê-lo espontaneamente. Lembre-se de que todo relacionamento saudável deve ser construído sobre uma troca mútua de sentimentos, que podem até variar de intensidade, mas, de forma alguma, devem estar ausentes." — Frederico Lima
quinta-feira, 20 de março de 2025
Frederico Lima #22
"Em matéria de amor, ninguém é totalmente maduro. É por isso que, aqui e ali, e mesmo sem admitir, insistimos em querer encontrar nas pessoas o amor que lemos nos livros, vemos nos filmes e ouvimos nas músicas."
Frederico Lima
Frederico Lima #23
"O perdão não significa esquecimento, e sim a capacidade de lembrar sem se ferir. É por isso que o perdão não é um sentimento, mas uma decisão: a de dar a si mesmo, mais do que a quem está sendo perdoado, paz de espírito. Isso é uma forma de cura."
— Frederico Lima
Frederico Lima #24
"O corpo das pessoas muda com o tempo, mas o caráter não. Então, tenha cuidado com a beleza que te atrai. E isso não quer dizer que uma embalagem não possa ser bonita, mas é que a gente não pode esquecer que o que realmente vai importar, no fim das contas, é o conteúdo." — Frederico Lima
Frederico Lima #25
"Depois de certo tempo juntas, algumas pessoas resistem em admitir que o relacionamento talvez já tenha chegado ao fim há muito tempo, simplesmente porque a dor de estar só, às vezes, parece maior do que a de estar decepcionado, mas com alguém. A verdade é que alguns relacionamentos precisam da maturidade de um término saudável, ao invés do lento, desgastante e doentio abandono silencioso. Nem sempre, conseguimos evitar o corte, mas podemos minimizar a quantidade de pontos e, consequentemente, o tamanho da cicatriz." — Frederico Lima
Frederico Lima #26
"Caminhando com Deus, teu futuro nunca será incerto. E se os outros não entenderem a direção, nem acreditarem no destino da tua caminhada, não se preocupe, pois você sabe muito bem que a chegada não será vivenciada aqui."
— Frederico Lima
quarta-feira, 19 de março de 2025
Frederico Lima #27
"Guarda esta verdade contigo para nunca esquecer: quem realmente entrar na tua vida para ser “para sempre”, não usará o teu sentimento para ficar brincando do jogo do chove não molha. Amor não é para quem tem medo de se molhar, e sim para quem dança na chuva." — Frederico Lima
Frederico Lima #28
"Reza a lenda que aquele que não vive com base na opinião dos outros é feliz de verdade e sempre será, pois tem aquilo que a maioria das pessoas busca durante a vida inteira: Liberdade para ser quem realmente é." — Frederico Lima
Frederico Lima #29
"A vida é pura contradição. A gente cresce e, às vezes, estranhamente, começa a se achar pequeno. Como se fôssemos pássaros que podem voar, mas têm medo de altura. Contraditório, não é? Mais contraditório é que tem pássaros que, mesmo presos, cantam; e nós, "livres", aqui fora da gaiola, chorando." — Frederico Lima
Frederico Lima #30
"A felicidade, na verdade, precisa apenas ser vivida; com intensidade, de preferência, afinal de contas, os dias têm passado com tanta pressa, que qualquer felicidade pode ser a última e a gente não pode perder tempo." — Frederico Lima
Frederico Lima #37
terça-feira, 18 de março de 2025
Frederico Lima #38
"O amor não é prisão. Mesmo que você não possa escolher quem vai amar, pode muito bem decidir se vale a pena estar com alguém ou não. É por isso que algumas pessoas vão, inevitavelmente, permanecer no teu coração, mas não na tua vida. E tentar tirar alguém do coração nem sempre compensará, afinal, se, às vezes, são necessários vários anos para esquecer um minuto, talvez uma vida inteira não seja o suficiente para esquecer uma pessoa. A questão é aprender a lidar com o que ficou." — Frederico Lima
Frederico Lima #39
"Para você que não está aqui, um abraço de longe. E não se preocupe... não se preocupe, não, pois quando a gente gosta muito de alguém — o suficiente para que nenhuma distância possa mudar isso —, consegue abraçar apenas em sentimento, consegue abraçar sem tocar e, mesmo assim, sentir." — Frederico Lima
Frederico Lima #40
"Ir embora ou deixar ir são duas das coisas mais difíceis e dolorosas, até que a gente acorda, um dia, disposta a se amar e, depois disso, ir embora ou deixar ir se torna um direito à liberdade, um gesto de paz consigo mesmo, porque a gente descobre que estar junto é uma escolha, a qual nunca poderá se transformar em obrigação, afinal, bonitos mesmo são os laços entre nós, e não os nós entre laços." — Frederico Lima
O que é ab-reação?
Frederico Lima
segunda-feira, 17 de março de 2025
Frederico Lima #41
"É que eu sou daquele tipo de pessoa que possui sentimentos imensos e que exigem espaço. É por isso que eu planto e rego o amor em/de pessoas suficientemente profundas, porque eu sei que pessoas rasas se afogariam nele." — Frederico Lima
Frederico Lima #42
"Quem não me cativa, aos poucos, me perde. É triste, eu sei, mas não posso ser tudo para alguém que só quer ser metade para mim." — Frederico Lima
Frederico Lima #43
"Sei que não é romântico dizer isto, mas eu não acredito em amor à primeira vista. Acredito, sim, que duas pessoas podem se apaixonar num primeiro olhar, mas, por mais forte que seja, isso nunca será amor. Amor, acredito firmemente, é uma obra, é tijolo que assentamos, dia após dia, no alicerce da relação. Alicerçar demora? Sim. Um bom alicerce pode demorar para ficar pronto, mas, quando estiver, sustentará, com a força do amor e da maturidade que possuirá, a carga que toda relação impõe." — Frederico Lima
Frederico Lima #44
"Você, provavelmente, merece todo amor que tenta dar aos outros. O problema é que dificilmente você terá reciprocidade de alguém que quer amor, mas não quer amar. Então, avalie e reavalie bem os teus laços. Se as coisas não mudam, talvez nós que tenhamos que nos mudar delas." — Frederico Lima
domingo, 16 de março de 2025
Frederico Lima #45
"A gente não fala do que dói porque parece que falar dá poder a isso. Acontece que se a gente não diz falando, a nossa mente diz adoecendo. Então, talvez a grande questão não seja falar sobre o que dói, e sim encontrar alguém que mereça a nossa intimidade, porque eu sei e posso te dizer que falar sobre o que sentimos, às vezes, dói, mas quando encontramos a pessoa certa falar o que sentimos também pode ser anestesia." — Frederico Lima
Frederico Lima #46
"Se você é desses que se doam demais, mas esquecem de que também precisam de autocuidado, presta bastante atenção: a gente tem que entender que deve, sim, fazer do nosso coração um lar para quem se esforça para morar dentro dele, mas, antes de ser residência para outra pessoa, é preciso aprender, primeiro, a ser uma boa morada para si mesmo. Por quê? Porque, se um dia, quem mora dentro dele resolver morar noutro lugar, você não estará tão sujeito ao sentimento de ser casa totalmente abandonada." — Frederico Lima
Frederico Lima #47
"As pessoas que amamos irão nos machucar algum dia, assim como nós também iremos machucá-las, e, provavelmente, nem será por vontade própria, mas pelo "simples motivo" de que podemos até sentir algo em comum, como o amor, mas as intensidades, expectativas e possíveis traumas abarcados sempre serão diferentes. É por isso que relacionamentos saudáveis, no fim das contas, são aqueles em que cada um trabalha não apenas para ter a maturidade de lidar com os "defeitos" do outro, mas com as suas próprias questões mal-resolvidas mais do que tudo. Amar é a escola do encontro com o outro e consigo mesmo."— Frederico Lima