Zatôichi to yôjinbô (1970)


Direção: Kihachi Okamoto

Roteiristas: Kihachi Okamoto, Kan Shimozawa e Tetsurô Yoshida

País: Japanese | Subtitles: English (embed)

Duração: 1h:55min

Lançado em 1970, Zatoichi Meets Yojimbo (Zatoichi to Yojinbo) representa um momento fascinante, embora imperfeito, da era de ouro do cinema chanbara (luta de espadas). O filme é o 20º da franquia Zatoichi e promove o encontro titânico entre duas lendas: Shintaro Katsu, como o massagista cego, e Toshiro Mifune, reprisando (ainda que com outro nome, Daisaku Sasa) o arquétipo do samurai errante que o consagrou nos filmes de Akira Kurosawa.

O grande trunfo do filme é, inegavelmente, a química entre Katsu e Mifune. Eles representam polos opostos do herói japonês:

Zatoichi: É fluido, humilde, quase cômico, escondendo uma letalidade relâmpago sob a aparência de um homem comum.

Sasa (Yojimbo): É a força bruta, o cinismo aristocrático e a imponência física.

A direção de Kihachi Okamoto (um mestre do gênero, responsável por The Sword of Doom) aproveita bem essa tensão. O espectador passa boa parte do filme esperando que esses dois titãs parem de beber e conversar para finalmente cruzarem lâminas.

Apesar do brilho dos protagonistas, o roteiro sofre com a saturação de subtramas. Seguindo a estrutura clássica de Yojimbo, temos duas facções criminosas disputando o controle de uma pequena vila, envolvendo ouro roubado e segredos de família. O problema é que o filme tenta equilibrar: O drama pessoal de Zatoichi com uma antiga paixão; o mistério em torno das motivações de Sasa; e a intriga política dos clãs locais.

Essa complexidade acaba diluindo o ritmo, fazendo com que o meio do filme pareça arrastado para quem busca a urgência dos filmes anteriores de ambos os personagens.

Kihachi Okamoto traz uma sofisticação visual superior à média dos filmes "formulaicos" de Zatoichi. O uso de sombras, o enquadramento que enfatiza a solidão dos ronins e as explosões de violência coreografada são tecnicamente impecáveis.

Destaque para a trilha sonora de Akira Ifukube (famoso por Godzilla), que confere um tom épico e operístico ao encontro, elevando a percepção de que estamos assistindo a um evento histórico dentro da cultura pop japonesa.

No fundo, Zatoichi Meets Yojimbo é um precursor dos filmes de "crossover" modernos. Ele luta com o dilema de não poder deixar nenhum dos dois heróis perder, o que pode tornar o desfecho um pouco frustrante para quem busca uma resolução definitiva.

Entretanto, como peça de entretenimento, é um estudo fascinante sobre o declínio do samurai tradicional. Ambos os personagens parecem cansados, vivendo em um Japão que está se tornando corrupto demais até para os seus códigos de honra marginais.

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