O que é ELABORAÇÃO para a psicanálise?
Para a psicanálise, o sucesso da terapia não se resume ao momento em que o paciente, por meio de uma interpretação, compreende a origem de seu conflito. A elaboração começa exatamente nesse ponto. Freud percebeu que, mesmo após uma interpretação precisa, os pacientes frequentemente continuavam a repetir os mesmos comportamentos e a sofrer dos mesmos sintomas. Ele entendeu que apenas saber a razão do problema não era suficiente; era preciso que o paciente trabalhasse ativamente esse conhecimento no nível emocional e inconsciente.
À vista disso, a superação da resistência que se manifesta durante o processo analítico. A resistência atua contra o insight, porque a revelação de um material reprimido (como um desejo infantil ou um afeto hostil) causa dor e angústia. O paciente pode intelectualmente aceitar a interpretação do analista, mas a sua vida psíquica se opõe a essa nova verdade, mantendo os antigos mecanismos de defesa. A elaboração é o caminho para desmantelar essa oposição.
A elaboração é o único meio de transcender a compulsão à repetição. Como a compulsão leva o paciente a reviver um evento traumático ou um padrão de relacionamento doloroso (muitas vezes na relação com o analista, através da transferência), a análise da compulsão é a principal tarefa do processo.
É na transferência que o paciente repete o conflito. O analista, ao invés de meramente interpretar o que aconteceu no passado, aponta para o paciente o que está acontecendo no momento presente da sessão — a forma como ele age, fala e se relaciona com o analista. O analista traz à luz o padrão de repetição.
A elaboração é o que permite ao paciente não apenas reconhecer esse padrão, mas também vivenciar e re-experimentar os afetos (raiva, medo, tristeza) que foram reprimidos na experiência original. Essa vivência na segurança do setting analítico é o que possibilita que a psique encontre um novo caminho, em vez de continuar no ciclo repetitivo de sofrimento.
A elaboração é um processo lento, doloroso e, em grande parte, inconsciente. Ele exige tempo e persistência. O paciente pode "esquecer" ou rejeitar uma interpretação, para depois, semanas ou meses mais tarde, associar algo que a confirma e a integra. Esse é o trabalho silencioso do aparelho psíquico.
Em essência, a elaboração transforma a memória de algo que foi vivido passivamente (o trauma, a dor) em uma experiência que é ativamente trabalhada pelo sujeito. É o que permite que o paciente se liberte de seu "destino" neurótico e se torne o autor de sua própria história, em vez de ser um mero ator reencenando um roteiro inconsciente.
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