O que é SINTOMA para a psicanálise?
O conceito de sintoma na psicanálise, introduzido por Sigmund Freud, transcende a visão médica tradicional. Ele não é apenas um sinal de doença a ser eliminado, mas sim uma formação de compromisso (ou formação do inconsciente) que possui um significado e revela um conflito psíquico não resolvido. Para a psicanálise, o sintoma é uma linguagem, uma pista para o entendimento do inconsciente do sujeito.
Para Freud, o sintoma nasce do fracasso de uma tentativa de repressão. Quando um desejo ou impulso pulsional (geralmente de natureza sexual ou agressiva e de origem infantil) é considerado inaceitável ou incompatível com as exigências da realidade, da moral (Superego) e da consciência (Ego), ele é ativamente afastado da consciência. Este é o processo de repressão.
No entanto, a energia psíquica ligada a esse desejo reprimido não desaparece. Ela continua a atuar no inconsciente, buscando uma forma de se manifestar e obter satisfação. O sintoma é, precisamente, o ponto de encontro onde o desejo reprimido consegue se expressar de forma disfarçada, enquanto, ao mesmo tempo, satisfaz a defesa do Ego ao mantê-lo irreconhecível.
Por isso, o sintoma é chamado de "solução de compromisso": ele é a única maneira que o desejo reprimido encontra para retornar à vida consciente sem provocar a angústia intolerável que o seu reconhecimento total causaria.
A característica fundamental do sintoma neurótico é que ele possui um sentido inconsciente. Os sintomas são frequentemente irracionais, dolorosos ou bizarros (como uma fobia desproporcional, uma obsessão por limpeza ou uma paralisia histérica sem causa orgânica), mas, ao serem analisados, revelam uma conexão lógica com o evento traumático e o desejo reprimido que lhes deu origem.
A análise do sintoma busca traduzir a linguagem simbólica em que ele se apresenta:
Símbolo: O sintoma é um substituto de algo que foi reprimido. O medo irracional de água (fobia), por exemplo, pode não ser sobre a água em si, mas sobre uma cena ou fantasia infantil que a água simbolicamente representa.
Punição e Satisfação: O sintoma geralmente envolve sofrimento (a parte que satisfaz a moral/Superego, atuando como punição) e uma satisfação oculta do desejo (a parte que satisfaz a pulsão, por mais distorcida que seja).
Para o psicanalista, o sintoma é a porta de entrada para o inconsciente. O paciente procura a análise justamente para se livrar do sofrimento causado pelo sintoma. Contudo, o objetivo da psicanálise não é apenas eliminar o sintoma (o que seria superficial), mas sim decifrá-lo e desvendar o conflito subjacente.
Através da associação livre, o paciente é encorajado a falar sobre o sintoma e tudo o que vem à sua mente. O analista, com sua atenção flutuante, segue as cadeias associativas do paciente para rastrear os significantes que se ligam ao desejo reprimido. Ao interpretar e dar sentido ao sintoma, o paciente pode finalmente elaborar o material reprimido, o que leva à desnecessidade do sintoma e à mudança psíquica. O sintoma, que era um inimigo, se transforma no maior aliado da análise.
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