José Lins do Rego Cavalcanti (1901-1957) é um dos nomes mais venerados da literatura brasileira, sendo um dos pilares do romance regionalista ao lado de gigantes como Graciliano Ramos e Jorge Amado. Nascido no Engenho Corredor, na Paraíba, sua obra é um mergulho profundo na memória de sua infância, na riqueza do engenho e, sobretudo, na inevitável decadência desse universo.
A paixão pela escrita floresceu durante seus anos na Faculdade de Direito do Recife, onde construiu laços intelectuais importantes, incluindo sua amizade com Gilberto Freyre e José Américo de Almeida. A virada em sua carreira veio em 1926, quando se mudou para Maceió e se juntou a um grupo de escritores que se tornaria a elite da literatura nacional. Foi lá que publicou sua obra de estreia, o aclamado Menino de Engenho (1932), que rapidamente se tornou um divisor de águas e um marco no "novo romance moderno brasileiro".
Sua obra mais emblemática é o "Ciclo da cana-de-açúcar", uma série de cinco livros que explora o declínio do engenho açucareiro nordestino. Esse ciclo é composto por Menino de Engenho, Doidinho, Bangüê, O Moleque Ricardo e Usina. No entanto, sua obra-prima é unanimemente considerada Fogo Morto (1943), um retrato magistral da transição social e da ruína de uma era.
O que torna a escrita de José Lins do Rego tão especial é seu estilo direto e despojado, a profundidade psicológica com que constrói seus personagens e sua habilidade única de capturar a essência da vida na casa-grande e na senzala. Sua contribuição para a literatura foi eternizada em 1955, quando foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. A obra de José Lins do Rego é mais do que um registro de um tempo passado; é uma celebração da memória, da identidade e da força da palavra.