The Wild One (1953) - A gênese do anti-herói
Direção: Laslo Benedek
Roteiristas: John Paxton, Frank Rooney e Ben Maddow
Atores: Marlon Brando, Mary Murphy, Robert Keith
País: EUA
Duração: 1h:19min
Antes de Johnny Strabler (Brando), o herói do cinema era geralmente um homem de moral clara e propósito definido. Brando introduz o anti-herói ambivalente. Com sua jaqueta de couro perfeita, quepe inclinado e olhar de desprezo, ele personifica a alienação.
Essa resposta define a rebeldia "sem causa", uma insatisfação existencial que não busca reforma política, mas sim uma fuga do conformismo sufocante da classe média americana dos anos 50.
A trama, baseada em incidentes reais ocorridos em Hollister (1947), coloca dois grupos em choque: a gangue de Johnny (Black Rebels Motorcycle Club) e os moradores de uma pequena cidade.
O filme critica ambos os lados:
A Gangue: Representa a anarquia e a falta de direção, mas também uma forma de irmandade para jovens marginalizados.
A Sociedade: Revela-se hipócrita e covarde. Quando o sistema legal falha em conter os motociclistas, os cidadãos "respeitáveis" recorrem à violência vigilante, tornando-se tão brutais quanto aqueles que desprezam.
A iconografia de The Wild One foi tão poderosa que foi banida no Reino Unido por 14 anos por medo de que incentivasse o comportamento antissocial.
A direção de arte e a fotografia em preto e branco reforçam o contraste entre as máquinas brilhantes e o cenário rústico da cidade. O uso do jazz na trilha sonora, em vez do rock (que ainda estava para explodir), confere ao filme uma atmosfera de "beatnik" motorizado, sugerindo uma sofisticação intelectual sob a agressividade física.
Embora, para os padrões modernos, o ritmo do filme possa parecer lento e as ações da gangue quase inocentes perto da violência cinematográfica atual, seu valor histórico é incalculável. Ele pavimentou o caminho para filmes como Juventude Transviada (1955) e Easy Rider (1969).
O filme não oferece uma resolução fácil ou uma redenção completa. Johnny vai embora da cidade tão solitário quanto chegou, sugerindo que a rebeldia é um ciclo contínuo e, muitas vezes, sem saída.
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