O que significa INTELECTUALIZAÇÃO (Intellektualisierung) para a Psicanálise?

Na psicanálise, a intelectualização é um mecanismo de defesa no qual o indivíduo tenta lidar com conflitos emocionais ou impulsos estressantes utilizando excessivamente o pensamento abstrato e a lógica. Ou seja, em vez de sentir a dor, o medo ou a angústia de uma situação, a pessoa "traduz" esses sentimentos para o campo do intelecto, transformando uma experiência subjetiva em um objeto de estudo teórico.
O objetivo principal desse mecanismo é o isolamento do afeto doloroso. Na prática, a pessoa reconhece o evento (ela sabe que algo aconteceu ou que tem um desejo específico), mas se desconecta totalmente da carga emocional que deveria acompanhá-lo.
Nesse processo, o indivíduo costuma discorrer sobre seus problemas usando termos técnicos, filosóficos ou científicos; falar de si mesmo como se fosse um observador externo ou um pesquisador analisando um caso clínico; e transforma um sofrimento particular em uma "questão existencial" ou "fenômeno sociológico", evitando encarar o fenômeno como uma ferida pessoal.
Para Freud e posteriormente Anna Freud (que sistematizou os mecanismos de defesa), a intelectualização é comum em certas fases do desenvolvimento, como a adolescência, onde o jovem utiliza grandes debates filosóficos para lidar com as intensas transformações pulsionais do corpo.
No contexto da terapia, a intelectualização pode se tornar uma resistência. O paciente pode ser extremamente inteligente e "entender" toda a sua dinâmica psíquica na teoria, mas essa compreensão intelectual impede que ele vivencie a catarse ou a mudança emocional real, pois ele usa a própria análise como um escudo para não entrar em contato com o inconsciente.
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