O que significa PROJEÇÃO (Projektion) para a Psicanálise?
Na psicanálise, o conceito de projeção é fundamental para entender como o aparelho psíquico lida com conteúdos internos que lhe causam desconforto ou conflito. De forma simplificada, projetar consiste em atribuir ao mundo exterior — sejam pessoas ou objetos — sentimentos, desejos ou características que pertencem ao próprio indivíduo, mas que ele não reconhece como seus.
Embora o termo tenha ganhado força na clínica psicanalítica, sua origem remete a campos como a neurofisiologia e a geometria. Nesses contextos, a projeção refere-se a uma correspondência ponto por ponto entre dois planos ou entre o centro e a periferia. Na neurologia, por exemplo, certas áreas cerebrais são vistas como a "projeção" de órgãos sensoriais específicos. Esse sentido de deslocar algo de dentro para fora ou de um ponto central para uma extremidade serviu de base para a metáfora psicológica.
No campo propriamente psicanalítico, a projeção é descrita como uma operação de expulsão. O sujeito "lança para fora" de si qualidades ou impulsos que recusa ou desconhece em sua própria personalidade. Ao localizar esses elementos no outro, o indivíduo consegue lidar com uma tensão interna como se fosse uma ameaça externa, o que facilita o uso de mecanismos de defesa.
Este processo possui algumas características centrais: Defesa Arcaica - É considerado um mecanismo de origem primitiva, presente desde os primórdios do desenvolvimento psíquico; Manifestação Clínica - É o mecanismo central em quadros de paranoia, onde o indivíduo projeta seu próprio ódio ou desconfiança nos outros, passando a sentir-se perseguido; Presença no Cotidiano - Não se limita à patologia. A projeção está presente em modos de pensar considerados "normais", como na superstição, onde forças internas (medos ou desejos) são atribuídas a sinais ou entidades externas.
Diferente da percepção comum, onde recebemos estímulos do mundo (centrípeto), a projeção realiza um movimento centrífugo. Trata-se de uma localização "excêntrica": em vez de sentir a excitação ou o conflito em seu ponto de origem (o ego), o sujeito o localiza no espaço ocupado pelo objeto. É, em essência, uma forma de o psiquismo organizar a realidade externa para não ter que enfrentar verdades insuportáveis sobre a própria realidade interna.
0 Komentar:
Postar um comentário