O que é CENSURA para a psicanálise?
Para a psicanálise, a censura é entendida como uma função psíquica fundamental que atua como uma espécie de "filtro" ou "porteiro" entre os diferentes sistemas da mente, especificamente entre o Inconsciente, o Pré-consciente e o Consciente. Introduzida por Sigmund Freud, essa analogia serve para explicar como certos desejos, impulsos e pensamentos são impedidos de chegar à consciência por serem considerados perturbadores, vergonhosos ou contrários à moralidade do indivíduo. A censura exerce um papel de vigilância constante, protegendo o equilíbrio do sujeito ao barrar conteúdos que causariam um mal-estar insuportável caso fossem acessados diretamente.
O funcionamento desse mecanismo é mais visível na teoria dos sonhos. Freud argumentava que, enquanto dormimos, a censura relaxa, mas não desaparece por completo. Para contornar essa barreira, o desejo inconsciente (chamado de conteúdo latente) precisa passar por um trabalho de disfarce e simbolização, transformando-se no conteúdo manifesto, que é a história muitas vezes estranha ou fragmentada da qual nos lembramos ao acordar. Assim, o sonho é, na verdade, a realização disfarçada de um desejo que foi filtrado pela censura.
É importante diferenciar a censura do recalque (ou repressão): enquanto a censura é a função de vigilância que avalia e decide o que é proibido, o recalque é a operação clínica e o esforço psíquico que efetivamente expulsa ou mantém esses conteúdos longe da consciência. Ao longo da evolução da obra freudiana, essa função de "juiz interno" passou a ser atribuída principalmente ao Superego, a instância da personalidade que interioriza as normas sociais e as exigências parentais, ditando o que é aceitável ou não para o Ego. Em última análise, a censura explica por que não somos "donos da nossa própria casa", revelando que muito do que pensamos e sentimos passa por uma rigorosa edição interna antes de ser admitido pela nossa razão.
0 Komentar:
Postar um comentário