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13/10/2025

Quem foi CLARICE LISPECTOR?

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Clarice Lispector foi uma das mais notáveis escritoras da literatura brasileira do século XX, reconhecida por sua escrita introspectiva, inovadora e profundamente filosófica. Nascida em 10 de dezembro de 1920, na aldeia de Chechelnyk, na então República Popular da Ucrânia, Clarice chegou ao Brasil ainda criança, em 1922, fugindo com sua família das perseguições antissemitas que assolavam os judeus na Europa Oriental.

Naturalizada brasileira em 1943, Clarice sempre se considerou brasileira e pernambucana, apesar de suas origens ucranianas. Cresceu no Recife, onde começou a demonstrar interesse pela literatura desde cedo, escrevendo contos e peças teatrais ainda na infância. Aos 14 anos, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde cursou Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, embora sua verdadeira vocação fosse a escrita.

Sua estreia literária aconteceu com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que causou grande impacto por seu estilo inovador, influenciado pelas técnicas de fluxo de consciência de autores como James Joyce e Virginia Woolf. A obra foi premiada com o Prêmio Graça Aranha e marcou o início de uma carreira literária brilhante.

Clarice escreveu romances, contos, crônicas, literatura infantil e ensaios, sendo autora de obras marcantes como A Paixão segundo G.H., Laços de Família, A Hora da Estrela e Um Sopro de Vida. Sua escrita é caracterizada por uma intensa exploração da subjetividade, da existência e da epifania no cotidiano, com personagens que frequentemente enfrentam crises existenciais e revelações íntimas.

Além de escritora, Clarice foi jornalista, tradutora e filósofa. Trabalhou em diversas redações e traduziu mais de 40 obras de autores internacionais. Dominava vários idiomas, incluindo português, inglês, francês, espanhol, hebraico e iídiche.

Clarice Lispector faleceu em 9 de dezembro de 1977, vítima de câncer de ovário, um dia antes de completar 57 anos. Deixou dois filhos e um legado literário que continua a influenciar gerações de leitores e escritores no Brasil e no mundo.

11/10/2025

Quem foi Albertina Correia Lima?

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Albertina Correia Lima, uma figura proeminente no cenário paraibano e nacional do século XX, nasceu na capital, João Pessoa, no dia 25 de dezembro de 1889, vindo a falecer em 18 de março de 1975, aos 85 anos. Sua trajetória de vida foi marcada por uma notável e multifacetada atuação como educadora, advogada e escritora, combinando o rigor intelectual com um profundo engajamento cívico e social em prol dos direitos femininos e da cultura brasileira. Albertina herdou de sua família um legado de intelectuais e ativistas, o que, sem dúvida, pavimentou o caminho para suas próprias escolhas profissionais e ativistas. Seu pai, Lindolfo José Correia Lima, era professor, advogado e também Deputado Estadual, enquanto seus avós paternos e maternos também exerciam atividades ligadas ao magistério, à advocacia e à política, como o Dr. Lindolfo José Correia das Neves, Deputado provincial e geral, e o Dr. João da Mata Correia Lima, que atuou no magistrado e foi presidente da Paraíba. Esse ambiente familiar, cercado por figuras de destaque no direito, na educação e na política, proporcionou-lhe um arcabouço sólido para a sua formação.

Sua educação formal inicial culminou na Escola Normal, instituição onde, após a conclusão de seus estudos, deu início à sua carreira como educadora, lecionando ali e, paralelamente, no prestigioso Liceu Paraibano. Foi através do magistério que Albertina começou a moldar mentes e a influenciar o futuro de sua comunidade. No entanto, o seu espírito ativo e a sua sede por expressão não se limitaram à sala de aula. Simultaneamente, Albertina Correia Lima iniciou uma prolífica colaboração com a imprensa. Tornou-se uma voz assídua em jornais de circulação tanto regional, como o influente A União, quanto nacional, incluindo veículos de grande peso como o Correio da Manhã e O Jornal. A imprensa, para ela, revelou-se um poderoso instrumento de difusão de ideias e de intervenção no debate público, uma ferramenta que ela utilizaria de forma estratégica ao longo de sua vida para advogar por causas de grande relevância social e política.

O ano de 1931 representou um marco decisivo em sua biografia. Aos 42 anos, Albertina demonstrou sua resiliência e sua ambição intelectual ao buscar a graduação em Direito. Na época, a Paraíba não possuía uma faculdade de curso superior na área, o que a levou a se formar pela Faculdade de Direito do Recife, em Pernambuco. A conclusão do curso de Direito não foi apenas uma realização pessoal, mas a aquisição de um conhecimento técnico profundo sobre a Constituição Brasileira, que ela imediatamente colocou a serviço de uma das lutas mais importantes de sua época: o sufrágio feminino e o direito das mulheres de ocupar assentos na Câmara Legislativa da Paraíba. Albertina Correia Lima transformou sua expertise jurídica em ativismo político, utilizando o conhecimento adquirido para argumentar de forma embasada e incisiva sobre a igualdade de direitos. A imprensa, antes um palco para seus escritos de cunho geral, tornou-se o principal meio de difundir e galvanizar as reivindicações feministas que ela tão apaixonadamente defendia, demonstrando uma coerência admirável entre sua formação acadêmica, sua atuação profissional e seu compromisso ideológico. Sua produção literária e jurídica desse período, em especial a obra A mulher e seus direitos em face da nossa legislação, publicada em 1933, atesta o foco de sua militância e a forma como ela traduzia o direito em ferramenta de emancipação.

Além da atuação individual, Albertina também foi fundamental na organização e institucionalização do movimento feminista em seu estado. Sua dedicação se materializou em 1933, quando a Associação Paraibana pelo Progresso Feminino (APPF) foi fundada, e ela imediatamente integrou a primeira diretoria da entidade, assumindo a posição de oradora. O papel de oradora era crucial, pois a colocava na linha de frente na articulação do discurso em defesa dos direitos da mulher, dando voz às aspirações de um número crescente de cidadãs. Sua influência e seu prestígio se estenderam a outras esferas da vida cultural e intelectual paraibana. Ela foi membro ativo da Associação Paraibana da Imprensa e contribuiu regularmente com artigos e pesquisas para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), mantendo-se sempre ligada aos pilares da comunicação e da memória histórica de sua terra. Adicionalmente, seu senso de responsabilidade social manifestou-se na cofundação do Orfanato Dom Ulrico, em João Pessoa, uma iniciativa que demonstra seu compromisso com a assistência e o amparo social das crianças desfavorecidas. Sua obra abrangeu diferentes gêneros, desde os textos de análise social e jurídica, até escritos como Georgina, estrutura da Terra, publicado em 1922, e as publicações Através da vida e João da Mata, refletindo sua vasta gama de interesses e seu desejo de deixar um legado perene em múltiplas áreas. Albertina Correia Lima, com sua morte em 1975, deixou a Paraíba e o Brasil, mas seu legado como pioneira na educação, no direito e na luta feminista permanece como um testemunho duradouro de uma vida dedicada ao progresso e à defesa dos direitos civis e sociais.


Referências

NUNES, Maria Lúcia da Silva; SILVA, Éricka Domiciano da; MELO, Stelyane de Oliveira. Catharina Moura e Albertina Correia: as continuidades no discurso pelos direitos da mulher. In XI Colóquio Nacional representações de gênero e sexualidades. Disponível em: Acesso em: 11 out. 2025.

SCHUMAHER, Maria Aparecida. Dicionário Mulheres do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.


A pesquisa para compor o texto acima é realizado por apenas uma pessoa, o editor, o qual, muitas vezes, não encontra muitas fontes para obtenção das informações. Caso encontre algum erro de escrita ou dado biográfico, por gentileza, clique no link Contato, no menu do blog, e nos informe para que possamos realizar a correção. Quanto aos termos de uso, clique aqui.

08/10/2025

Ana Paula Maia

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Ana Paula Maia, nascida em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, em 1977, é um dos nomes mais singulares e potentes da literatura contemporânea brasileira. Sua trajetória, marcada por uma prosa crua, direta e de uma força visceral inegável, a estabeleceu como uma voz essencial na exploração de temas como a violência estrutural, o trabalho precarizado e a banalização da morte no cotidiano. A escritora se notabilizou por mergulhar em universos predominantemente masculinos e marginais, conferindo dignidade e reflexão a personagens que, na sociedade real, são frequentemente invisibilizados e silenciados.

Apesar de ter se graduado em Ciência da Computação, e tido uma fase adolescente como baterista em uma banda de punk rock, o mergulho de Ana Paula Maia na escrita começou mais tarde, por volta dos 21 anos, após um intenso período de leitura que incluiu filosofia, teatro e romance. Seu primeiro romance, "O habitante das falhas subterrâneas" (2003), já esboçava a tendência a retratar ambientes e realidades à margem. No entanto, foi com a chamada "Trilogia dos Brutos" – composta por "Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos" (2009), "Carvão animal" (2011) e "De gados e homens" (2013) – que a autora consolidou seu estilo inconfundível.

Esta trilogia apresenta personagens que realizam o que a autora define como "o trabalho sujo dos outros": homens que trabalham em abatedouros, carvoarias, ou que lidam diretamente com o ciclo da morte e da degradação. A figura de Edgar Wilson, um protagonista recorrente em sua obra, emerge como o ícone dessa realidade brutal. Ele é o atordoador em um matadouro em "De gados e homens", o homem que executa o abate dos animais com uma competência quase ritualística, um personagem que, embora predador, carrega uma complexa humanidade em meio à rotina de matança.

A obra de Ana Paula Maia se destaca por uma série de características estéticas que a aproximam, segundo a crítica, do Naturalismo em sua descrição de problemas sociais, mas com uma roupagem marcadamente contemporânea. A prosa é econômica, crua e despojada de sentimentalismos, focada na ação e no diálogo, o que a torna muitas vezes comparada à linguagem cinematográfica – não à toa, a autora também atua como roteirista, sendo responsável pela série de televisão Desalma.

Um dos pilares de sua literatura é a reflexão sobre as relações de trabalho no capitalismo tardio. Seus protagonistas não são apenas violentos; são, antes de tudo, trabalhadores precarizados e invisíveis, moldados e esmagados pelos ambientes insalubres em que operam. A morte e a violência são mostradas de forma banalizada, cotidiana, fazendo com que o leitor confronte uma realidade que, no seu dia a dia, costuma ser convenientemente ignorada.

Outro traço marcante é a constante aproximação entre o humano e o animal, um recurso que lembra a zoomorfização clássica, mas que aqui serve para expor a desumanização do trabalho e o destino comum de homens e gado no ciclo da produção e do consumo. Em De gados e homens, a vida dos trabalhadores do matadouro, corpos igualmente "processados" pelo sistema, se funde alegoricamente com a vida dos animais que eles abatem. O foco em universos masculinos e a ausência de um "eu" feminino subjetivo também são aspectos notados pela crítica, que vê na autora uma voz que transcende as expectativas de gênero na literatura.

O impacto de Ana Paula Maia no cenário literário brasileiro foi confirmado por um feito inédito: ela foi a primeira escritora a vencer duas vezes consecutivas o prestigiado Prêmio São Paulo de Literatura, um dos mais importantes do país. Recebeu o prêmio pelo Melhor Romance do Ano com "Assim na terra como embaixo da terra" (2018), uma narrativa visceral que explora a vida em um mundo subterrâneo de trabalho e resistência, e novamente em 2019 com "Enterre seus mortos", que retoma a saga do coveiro Tomás e aprofunda as reflexões sobre o destino e a inevitabilidade da morte.

Com obras traduzidas para diversos idiomas e um entusiasmo crescente no exterior, Ana Paula Maia não apenas conquistou o reconhecimento da crítica, mas também estabeleceu uma nova fronteira para o romance brasileiro. Sua escrita é um espelho reto e sem piedade que força o leitor a olhar para os escombros da civilização e para a brutalidade da sobrevivência, reafirmando que a literatura, mesmo quando mergulha nas sombras, pode ser o caminho mais claro para a reflexão sobre a miséria humana e a condição existencial. Ela escreve, como diz a crítica, com "facas", entregando uma poética da brutalidade que é difícil de ignorar e impossível de esquecer.

06/10/2025

Raul Pompéia: Do Naturalismo ao Impressionismo

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Raul d'Ávila Pompéia (1863–1895) foi um dos mais brilhantes e atormentados escritores brasileiros do século XIX. Sua curta, porém intensa, vida literária e política o estabeleceu como um dos grandes nomes da nossa literatura, conhecido sobretudo pelo romance O Ateneu. A trajetória de Pompéia é uma mistura fascinante de engajamento cívico, genialidade artística e profunda melancolia.

Nascido em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, em 12 de abril de 1863, Raul Pompéia teve uma infância que moldaria indelevelmente sua obra-prima. Aos dez anos, a família mudou-se para a capital e ele foi matriculado como aluno interno no Colégio Abílio, dirigido pelo Barão de Macaúbas. Esta experiência de reclusão em um ambiente rígido, hierárquico e competitivo é considerada a fonte de inspiração direta para o cenário de seu romance mais famoso.

Desde cedo, Pompéia demonstrou sua inclinação para as artes e o jornalismo, redigindo e ilustrando o jornal do colégio, O Archote. Em 1880, com apenas 17 anos, ele publicou seu primeiro livro, a novela Uma Tragédia no Amazonas.

Seguindo a influência paterna, ele ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, em 1881. Foi nesse período acadêmico que Pompéia se tornou um fervoroso abolicionista e republicano, participando ativamente dos movimentos cívicos da época. Sua postura crítica e seu engajamento, contudo, o levaram a ser reprovado em uma disciplina, o que o fez se transferir e concluir o curso na Faculdade de Direito do Recife.

Embora a crítica o associe primariamente ao Naturalismo — devido à sua descrição objetiva e determinista do ambiente social, como se o colégio fosse um microcosmo onde a natureza humana se revela em sua brutalidade —, a técnica de Pompéia é inovadora e, por vezes, aponta para o Impressionismo e até mesmo o Simbolismo. Seu estilo é marcado por uma linguagem rica, detalhista e focada em impressões psicológicas e sensoriais.

Antes de O Ateneu, Pompéia consolidou sua veia crítica com outras obras:

Canções Sem Metro (1881): Uma coleção de poemas em prosa que demonstra sua experimentação formal.

As Joias da Coroa (1882): Uma novela publicada em folhetim na Gazeta de Notícias, notória por sua sátira mordaz à família imperial e à corrupção da monarquia brasileira, baseada no fato real do roubo das joias da Imperatriz Teresa Cristina.

O Ateneu (1888): A magnum opus de Raul Pompéia, O Ateneu: Crônica de Saudades, foi publicada em formato de folhetim em 1888 e rapidamente em livro. O romance é narrado por Sérgio, já adulto, que rememora sua experiência traumática como aluno interno no prestigioso colégio “Ateneu”, dirigido pelo rigoroso Dr. Aristarco.

A narrativa não é apenas um relato autobiográfico velado, mas uma crônica de desilusão. O colégio é retratado como um ambiente hostil, onde a inocência de Sérgio se choca com a malícia, a hipocrisia, a opressão e as complexas relações de poder, hierarquia e afeto entre os meninos e os adultos. Pompéia usa o Ateneu como um laboratório social (típico do Naturalismo) para expor as "leis" de sobrevivência e a perversão do meio social, com descrições que beiram a zoomorfização (atribuição de características animais aos humanos) e a exploração psicológica. Sua técnica impressionista de focar nas sensações e memórias faz de O Ateneu uma obra complexa e atemporal.

Após a Proclamação da República (1889), Pompéia continuou sua intensa atividade jornalística e política. Foi nomeado professor de Mitologia na Escola de Belas Artes e, em 1894, alcançou o cargo de Diretor da Biblioteca Nacional.

No entanto, sua vida pública foi marcada por uma grande polêmica que o levaria ao isolamento. Pompéia era um fervoroso e incondicional partidário do presidente e ditador Marechal Floriano Peixoto. Essa devoção, apelidada de "florianismo", o colocou em rota de colisão com a maioria dos intelectuais e antigos amigos do círculo literário, como Olavo Bilac, resultando em inimizades públicas e duras críticas na imprensa.

Com a morte de Floriano em 1895, e a ascensão de Prudente de Morais, Raul Pompéia perdeu seu posto na Biblioteca Nacional. Sentindo-se isolado, caluniado e desprezado — uma situação que refletia a melancolia já presente em sua obra —, o escritor sucumbiu ao desespero.

Em um ato final de profunda agonia, Raul d'Ávila Pompéia cometeu suicídio com um tiro no peito em 25 de dezembro de 1895, no Rio de Janeiro, aos 32 anos de idade. Apesar de sua vida breve e seu trágico fim, sua genialidade em capturar a dualidade da alma humana e a crítica social em O Ateneu garantiu-lhe um lugar de destaque na imortalidade da literatura brasileira, sendo patrono da Cadeira n. 33 da Academia Brasileira de Letras.

21/09/2025

Augusto dos Anjos: o poeta do "Eu"

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Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914) é um dos nomes mais singulares e perturbadores da literatura brasileira. Considerado um poeta que transita entre o Simbolismo e o Pré-Modernismo, ele chocou a crítica de sua época com uma obra marcada por um pessimismo profundo e por uma linguagem que misturava termos científicos e vulgares.

A Vida e a Única Obra

Nascido na Paraíba, Augusto dos Anjos foi um professor e poeta que viveu uma vida breve, falecendo aos 30 anos de idade. Em vida, publicou apenas o livro de poemas "Eu" (1912). A obra, que inicialmente não teve grande repercussão, foi reeditada postumamente com o título "Eu e Outras Poesias" pelo amigo Órris Soares e, a partir daí, ganhou reconhecimento e se tornou um clássico da literatura nacional.

Um Estilo Único e Controversos

A poesia de Augusto dos Anjos é inconfundível. Influenciado por filósofos como Schopenhauer, sua escrita é permeada por um pessimismo existencial e por temas como a dor, a morte, o horror e a decomposição da matéria. Ele introduziu em seus versos palavras chocantes e agressivas para a época, como "carne", "sangue", "cú" e "verme", que criavam uma experiência de leitura visceral. Essa abordagem, que chegou a ser classificada como "teratológica" (uso de imagens monstruosas), é um dos traços mais marcantes de sua obra.

O Legado e a Popularidade Póstuma

Apesar da repulsa inicial de alguns críticos, o trabalho de Augusto dos Anjos conquistou o público, especialmente por sua originalidade e força expressiva. O seu estilo, que quebrou convenções literárias, exerceu uma grande influência sobre os poetas modernistas que viriam em seguida. Poemas como "Versos Íntimos" e "Saudade" continuam a ecoar e a desafiar leitores, consolidando o poeta paraibano como uma figura central e inesquecível da literatura brasileira.