Sim, eu sei, quando alguém parte, sempre nos parte também. E um coração partido, diferente de um pé quebrado, nem sempre consegue se recuperar depois de quinze dias, um, dois, três mês... Cada tipo de fratura, assim como cada pessoa, precisa de um tempo só seu para se recuperar.
E quando parece que já tudo está recuperado, ainda sim, fica aquele medo de pisar no chão, de forçar demais, de seguir em frente. Tanto nos ossos quebrados, como nos corações partidos, isso pode ser chamado de trauma.
E, como em trauma, o tratamento busca devolver os movimentos prejudicados em decorrência das sequelas do acidente, o que pode durar dias, meses, até mesmo anos. No começo e durante o tratamento, uma vez ou outra, irá inevitavelmente doer.
Doer para lembrar o motivo da dor; doer para mostrar que ainda não está tudo bem; doer para mostrar que está quase lá, pois a dor também é cura. O que não se pode permitir — em hipótese alguma — é que a recuperação leve uma vida inteira, ou seja, ir se acostumando com a dor e colocando na cabeça que não conseguirá voltar a andar/não conseguirá amar outra vez.
Essa insegurança, depois do término/da quebra, sempre acaba dificultando as coisas, mas é inevitável quando temos algo partido dentro de nós. Comparações a parte, a grande questão é que você não pode desistir do amor só porque alguém resolveu desistir de você primeiro.
Se o relacionamento chegou ao fim, não significa que deve desistir do amor, muito menos de si mesmo, mas que deve, depois de um tempo, dar uma nova chance pra vida, afinal de contas, toda ela também pode ser feita de recomeços, o que não pode é deixá-la engessada para sempre, porque a vida precisa de movimento, o coração precisa bater de novo, independente das cicatrizes.
Frederico Lima